IGREJAS EVANGÉLICAS BRASILEIRAS NOS ESTADOS
UNIDOS DA AMÉRICA – 6
Sua diversidade eclesiológica e doutrinária.
Portanto, como ainda veremos em mais detalhes,
existe uma sutil mas radical diferença entre ambos os conceitos: o de Igreja
como CORPO DE CRISTO e o de Igreja como Família. O conceito de Corpo tem mais
conotações e dinâmica, enquanto que o conceito de Família é mais genérico e não
enfatiza as características de cada um de seus membros aplicadas ao corpo. Existe
pois, uma clara distinção entre as características internas que definem o conceito
de família aplicado à Igreja, como modelos que atuam nas forças que interagem
dentro das famílias, para que tais modelos nos sirvam de imagens atributivas
ilustrando de modo “familiar” a interação entre os membros do corpo. O mesmo
ocorre quando queremos nos referir a Deus
em seu poder infinito e usamos, por exemplo, atributos humanos (antropomorfismo) para
ilustrar tal poder. ( mãos poderesosas, braço forte, etc.) Na verdade, se o Corpo de Cristo, a Igreja,
tem valor em sua dimensão espiritual, não teríamos como definir o escopo, a
dimensão de tal espiritualidade, a não ser que a comparassemos com a interação
que existe entre os membros de uma mesma família. Em Mateus 12:49-50
JESUS ilustra com maestria essa sutil diferença entre um conceito e outro, ao
afirmar que “ Here are my mother and my brother; for whoever does the will of
my Father in Heaven is my brother and sister and mother.” Em tais versos JESUS redimensiona o conceito de
Família em suas relações entre membros, para um nível em que o que mais importa é que façamos a “ a
vontade de meu Pai no céu”. Nessa distinção de individualidades em que cada um
deve e precisa “fazer a vontade do Pai”, o conceito de Família serviu apenas
para ilustrar e não para definir o que significa ser Igreja. Em 1 João
4:7, o apóstolo João nos diz: “Beloved, let us love one another: for love is of
God; and every one that love is born of God, and know God”. Se fossemos ilustrar a dimensão do amor de JESUS aplicado à Igreja, com o modelo de amor que
existe entre os membros de uma Família, nós incorreríamos na falácia de criar
uma família em moldes absolutos. Em outras palavras, não devemos nos amar como
membros de uma família humana, pois a fragilidade do amor humano aplicado às
famílias humanas, já está corrompido. Não existem adjetivos aplicados ao conceito
íntimo, relacional de família, que venham definir o que significa o Amor de
Deus que se sublima em cada membro do Corpo. Aliás, o conceito de Família como aparece
ilustrado nas Escrituras, mostra-nos quase sempre um modelo em que existem
carências e fraquezas no relacionamento entre pais e filhos. Veja, por exemplo,
o que o Antigo Testamento nos revela acerca da Família de José do Egito, em que seus próprios
irmãos o quiseram matar antes de vendê-lo a mercadores estrangeiros. Se nós
fossemos entender os 12 discípulos de JESUS como os membros de sua Família original
numa relação eclesiástica de igualdade e parentesco, não existiriam razões para que Judas O
traísse, ou para que Pedro O negasse. Isso vem ilustrar a força espiritual e
dinâmica do que significa o Corpo de Cristo, a Igreja, em sua dimensão mais
sublime aplicada a cada um dos membros do Corpo, que se unem por amor à
semelhança do amor de Deus entre o Filho e o Espírito, cuja “energia” de união se
concentra no amor que vem de Deus, mas não no modelo do amor dos membros de uma
família humana, que vem dos homens. Nessa dimensão, a Igreja deve amar a cada
membro do Corpo como únicos, dentro de sua identidade e importância para a
integridade do Corpo, mesmo que em sua diversidade cada um tenha recebido de
Deus diferentes dons e frutos em diferentes níveis. O Apóstolo Paulo vai nos
instruir com detalhes mais profundos e teológicos, o que o Espírito nos ensina
acerca do Corpo de Cristo.
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