Sunday, May 17, 2020


IGREJAS EVANGÉLICAS BRASILEIRAS NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – 6
Sua diversidade eclesiológica e doutrinária.

Portanto, como ainda veremos em mais detalhes, existe uma sutil mas radical diferença entre ambos os conceitos: o de Igreja como CORPO DE CRISTO e o de Igreja como Família. O conceito de Corpo tem mais conotações e dinâmica, enquanto que o conceito de Família é mais genérico e não enfatiza as características de cada um de seus membros aplicadas ao corpo. Existe pois, uma clara distinção entre as características internas que definem o conceito de família aplicado à Igreja, como modelos que atuam nas forças que interagem dentro das famílias, para que tais modelos nos sirvam de imagens atributivas ilustrando de modo “familiar” a interação entre os membros do corpo. O mesmo ocorre quando queremos nos referir a Deus  em seu poder infinito e usamos, por exemplo, atributos humanos (antropomorfismo) para ilustrar tal poder. ( mãos poderesosas, braço forte, etc.)  Na verdade, se o Corpo de Cristo, a Igreja, tem valor em sua dimensão espiritual, não teríamos como definir o escopo, a dimensão de tal espiritualidade, a não ser que a comparassemos com a interação que existe entre os membros de uma mesma família. Em Mateus 12:49-50 JESUS ilustra com maestria essa sutil diferença entre um conceito e outro, ao afirmar que “ Here are my mother and my brother; for whoever does the will of my Father in Heaven is my brother and sister and mother.Em tais versos JESUS redimensiona o conceito de Família em suas relações entre membros, para um nível em que  o que mais importa é que façamos a “ a vontade de meu Pai no céu”. Nessa distinção de individualidades em que cada um deve e precisa “fazer a vontade do Pai”, o conceito de Família serviu apenas para ilustrar e não para definir o que significa ser Igreja. Em 1 João 4:7, o apóstolo João nos diz: “Beloved, let us love one another: for love is of God; and every one that love is born of God, and know God”. Se fossemos ilustrar a dimensão do amor de JESUS  aplicado à Igreja, com o modelo de amor que existe entre os membros de uma Família, nós incorreríamos na falácia de criar uma família em moldes absolutos. Em outras palavras, não devemos nos amar como membros de uma família humana, pois a fragilidade do amor humano aplicado às famílias humanas, já está corrompido. Não existem adjetivos aplicados ao conceito íntimo, relacional de família, que venham definir o que significa o Amor de Deus que se sublima em cada membro do Corpo.  Aliás, o conceito de Família como aparece ilustrado nas Escrituras, mostra-nos quase sempre um modelo em que existem carências e fraquezas no relacionamento entre pais e filhos. Veja, por exemplo, o que o   Antigo Testamento nos revela acerca da Família de José do Egito, em que seus próprios irmãos o quiseram matar antes de vendê-lo a mercadores estrangeiros. Se nós fossemos entender os 12 discípulos de JESUS como os membros de sua Família original numa relação eclesiástica de igualdade e parentesco, não existiriam razões para que Judas O traísse, ou para que Pedro O negasse. Isso vem ilustrar a força espiritual e dinâmica do que significa o Corpo de Cristo, a Igreja, em sua dimensão mais sublime aplicada a cada um dos membros do Corpo, que se unem por amor à semelhança do amor de Deus entre o Filho e o Espírito, cuja “energia” de união se concentra no amor que vem de Deus, mas não no modelo do amor dos membros de uma família humana, que vem dos homens. Nessa dimensão, a Igreja deve amar a cada membro do Corpo como únicos, dentro de sua identidade e importância para a integridade do Corpo, mesmo que em sua diversidade cada um tenha recebido de Deus diferentes dons e frutos em diferentes níveis. O Apóstolo Paulo vai nos instruir com detalhes mais profundos e teológicos, o que o Espírito nos ensina acerca do Corpo de Cristo.       

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