IGREJAS
EVANGÉLICAS BRASILEIRAS NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – 16
Sua
diversidade eclesiológica e doutrinária.
A história da Igreja em sua “evolução” através
do tempo demonstra uma identidade muito profunda com a própria ideia da instauração
do Reino dos Céus que se inicia com Jesus Cristo, no sentido de que Igreja e
Reino dos Céus são identidades correlacionadas. Noutras palavras, a Igreja foi
fundada não apenas com propósito educacional teológico, mas também com a ideia
de constante preservação dos ideais cristãos de que o Reino dos Céus avança e
se perpetua através das gerações seguintes, acolhendo todos aqueles que são
chamados para dele fazerem parte e se inserirem. Ela lança uma proposta de
originalidade em seu convite a todos os povos para o convívio do Reino.
Portanto, as portas da Igreja que prevalecem em sua penetração histórica,
resistindo ao reino das trevas, representa o próprio e vitorioso avanço do
Reino dos Céus entre nós, cujo fundador nos garante sua sobrevivência constante
e vitória inabalável. No entanto, a identidade da Igreja Corpo com o Reino dos
Céus está desaparecendo, se já não está completamente extinta, em função da
busca por um modelo de desenvolvimento eclesiástico fora dos padrões paradigmáticos
implantados pela Igreja Primitiva. E isso ocorre muito dentro das igrejas
brasileiras nos Estados Unidos. Na verdade tal busca apresenta duas opções
perigosas. As igrejas não procuram mais por líderes, ou pastores ou teólogos treinados teologica e eclesiasticamente, mas as opções
maiores recaem sobre aqueles cujas experiências em negócios ou habilidades
gerenciais chamam mais a atenção da liderança eclesiástica. ( Cf. Israel Galindo
op. cit. pg. 15 &16 ). Resultado, o
membro da Igreja, na maioria dos casos, tem maiores oportunidades à medida que
ele é reconhecido como dono de empresa bem sucedido (o que é uma característica
secular) e quando seus dízimos e ofertas estão bem acima da média dentro do cômputo
geral. E muitas vêzes, por tais motivos, suas oportunidades em se tornar
membro de eleite da liderança eclesiástica, é bem maior se comparada aos demais
membros. Por esse motivo a Igreja perde em qualidade de exposição, interpretação
e na pregação da Palavra, em função da carência na formação teológica. Em
função disso, a Igreja se vê na opção de dar mais ênfase aos dízimos e ofertas
porque ela se identifica mais com uma característica de instituição social que
compete em nível de desigualdade com outras instuições eclesiásticas e
denominações que estão “crescendo mais” numa comparação desigual. Perde-se
portanto, o foco e a visão da Igreja dentro da perspectiva do Reino dos Céus. A
liderança, portanto, tem um pé no Reino e outro no mundo, o que caracteriza uma
igreja encima do muro. E tal dualidade é representada pela divagação espiritual
da liderança pastoral que enfatiza mais seu próprio sustento, o sustento e
futuro da própria família, os encargos sociais da igreja, a manutenção de sua
estrutura social e orgânica em detrimento de seu crescimento como parte
espiritual do Corpo de Cristo dentro da perspectiva do Reino. Se hoje não
podemos distinguir claramente tais realidades ( Igreja na identidade do Reino e
Igreja instituição secularizada ), é porque a Igreja está cada vez mais ausente de
sua missão espiritual tornando-se um negócio a ser gerenciado. No entanto, não
podemos negar que a Igreja está conectada ao seu contexto social e urbano. Existe um artigo interessante em “
INCARNATIONAL MINISTRY – Planting churches in Band, Tribal, Peasant and
Urban Societies”, by Paul G. Hiebert and Eloise Hiebert Meneses, à página
325, cujo título é “The Church in Urban Societies”, onde o autor nos diz: “
If the church captures the cities for Christ, it will grow. If it loses the
cities, it will become a movement on the margins of modern life.”
( Se a Igreja conquista as cidades
para Cristo, ela crescerá. Se ela perder as cidades, ela se tornará um
movimento às margens da vida moderna. ) E a Igreja cristã não pode ser apenas
um movimento. Não podemos negar que a Igreja Primitiva cresceu dentro do
contexto urbano, e Paulo previu tal perspectiva urbana ao buscar se inserir no
contexto das cidades de seu tempo. É evidente que o contexto original difere
substancialmente das igrejas hoje. Mas, muitas igrejas brasileiras negam sua
inserção no contexto diversificado da cultura das cidades em que se encontram.
Um exemplo disso é que algumas igrejas rejeitam os cultos em Inglês ou em
Espanhol dentro de sua estrutura eclesiástica, por razões até mesmo
desconhecidas (mas talvez por incompetência dentro de seu corpo pastoral, por
discriminação das culturas diversificadas em seu contexto, ou até mesmo por
rejeição pura e simples ). Mas, em suma, tal rejeição significa negar o
contexto socio-urbano em que elas estão inseridas, e as perspectivas futuras da
evolução de seu conteúdo sócio-cultural em que elas, fatalmente, mais cedo ou
mais tarde terão que adotar o Inglês como idioma prevalecente dentro da sua
eclesiologia.
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