Saturday, June 13, 2020


IGREJAS EVANGÉLICAS BRASILEIRAS NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – 16
Sua diversidade eclesiológica e doutrinária.


A história da Igreja em sua “evolução” através do tempo demonstra uma identidade muito profunda com a própria ideia da instauração do Reino dos Céus que se inicia com Jesus Cristo, no sentido de que Igreja e Reino dos Céus são identidades correlacionadas. Noutras palavras, a Igreja foi fundada não apenas com propósito educacional teológico, mas também com a ideia de constante preservação dos ideais cristãos de que o Reino dos Céus avança e se perpetua através das gerações seguintes, acolhendo todos aqueles que são chamados para dele fazerem parte e se inserirem. Ela lança uma proposta de originalidade em seu convite a todos os povos para o convívio do Reino. Portanto, as portas da Igreja que prevalecem em sua penetração histórica, resistindo ao reino das trevas, representa o próprio e vitorioso avanço do Reino dos Céus entre nós, cujo fundador nos garante sua sobrevivência constante e vitória inabalável. No entanto, a identidade da Igreja Corpo com o Reino dos Céus está desaparecendo, se já não está completamente extinta, em função da busca por um modelo de desenvolvimento eclesiástico fora dos padrões paradigmáticos implantados pela Igreja Primitiva. E isso ocorre muito dentro das igrejas brasileiras nos Estados Unidos. Na verdade tal busca apresenta duas opções perigosas. As igrejas não procuram mais por líderes, ou pastores ou teólogos treinados  teologica e eclesiasticamente, mas as opções maiores recaem sobre aqueles cujas experiências em negócios ou habilidades gerenciais chamam mais a atenção da liderança eclesiástica. ( Cf. Israel Galindo op. cit. pg. 15 &16 ).  Resultado, o membro da Igreja, na maioria dos casos, tem maiores oportunidades à medida que ele é reconhecido como dono de empresa bem sucedido (o que é uma característica secular) e quando seus dízimos e ofertas estão bem acima da média dentro do cômputo geral. E muitas vêzes, por tais motivos, suas oportunidades em se tornar membro de eleite da liderança eclesiástica, é bem maior se comparada aos demais membros. Por esse motivo a Igreja perde em qualidade de exposição, interpretação e na pregação da Palavra, em função da carência na formação teológica. Em função disso, a Igreja se vê na opção de dar mais ênfase aos dízimos e ofertas porque ela se identifica mais com uma característica de instituição social que compete em nível de desigualdade com outras instuições eclesiásticas e denominações que estão “crescendo mais” numa comparação desigual. Perde-se portanto, o foco e a visão da Igreja dentro da perspectiva do Reino dos Céus. A liderança, portanto, tem um pé no Reino e outro no mundo, o que caracteriza uma igreja encima do muro. E tal dualidade é representada pela divagação espiritual da liderança pastoral que enfatiza mais seu próprio sustento, o sustento e futuro da própria família, os encargos sociais da igreja, a manutenção de sua estrutura social e orgânica em detrimento de seu crescimento como parte espiritual do Corpo de Cristo dentro da perspectiva do Reino. Se hoje não podemos distinguir claramente tais realidades ( Igreja na identidade do Reino e Igreja instituição secularizada ), é porque a Igreja está cada vez mais ausente de sua missão espiritual tornando-se um negócio a ser gerenciado. No entanto, não podemos negar que a Igreja está conectada ao seu contexto social e urbano.  Existe um artigo interessante em “ INCARNATIONAL MINISTRY – Planting churches in Band, Tribal, Peasant and Urban Societies”, by Paul G. Hiebert and Eloise Hiebert Meneses, à página 325, cujo título é “The Church in Urban Societies”, onde o autor nos diz: “ If the church captures the cities for Christ, it will grow. If it loses the cities, it will become a movement on the margins of modern life.”   ( Se a Igreja conquista as cidades para Cristo, ela crescerá. Se ela perder as cidades, ela se tornará um movimento às margens da vida moderna. ) E a Igreja cristã não pode ser apenas um movimento. Não podemos negar que a Igreja Primitiva cresceu dentro do contexto urbano, e Paulo previu tal perspectiva urbana ao buscar se inserir no contexto das cidades de seu tempo. É evidente que o contexto original difere substancialmente das igrejas hoje. Mas, muitas igrejas brasileiras negam sua inserção no contexto diversificado da cultura das cidades em que se encontram. Um exemplo disso é que algumas igrejas rejeitam os cultos em Inglês ou em Espanhol dentro de sua estrutura eclesiástica, por razões até mesmo desconhecidas (mas talvez por incompetência dentro de seu corpo pastoral, por discriminação das culturas diversificadas em seu contexto, ou até mesmo por rejeição pura e simples ). Mas, em suma, tal rejeição significa negar o contexto socio-urbano em que elas estão inseridas, e as perspectivas futuras da evolução de seu conteúdo sócio-cultural em que elas, fatalmente, mais cedo ou mais tarde terão que adotar o Inglês como idioma prevalecente dentro da sua eclesiologia.

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