Saturday, January 30, 2016

Trecho de meu livro ainda inédito “O CRIME DE OLGA”.
João se virou em direção à rua e, ao se aproximar da esquina da outra rua, onde, enfim, desapareceria do alcance de seus olhos, olhou para trás e a viu, atenta, os olhos fixos à espera de um aceno de mão. Virou-se, então, e por alguns segundos estancou os passos e, olhando a distância, acenou para ela, vendo o movimento distante de seu braço se erguendo no ar, e a suavidade de sua mão ondulante solta no espaço. Nada havia que fosse mais real naquele pedaço de chão, além de dois seres distantes um do outro, como se nada houvesse além de si; como se o claro espaço da terra fosse acrescido aos poucos, na sua efêmera e supérflua ambiguidade.
 De um lado, a verde vegetação rala das encostas, que antes ausentes, agora eram então acrescidas; e do outro, as cercas das casas vizinhas compondo um cenário rústico, cinzento. João seguiu seus passos até sumirem junto a sua casa. O dia ainda estava claro, mas aos poucos tenderia ao cinzento, permeado pela mesma brisa que soprava nas tardes de domingo. O movimento de transeuntes era mínimo, mas o movimento interno de sua mente criando novos pensamentos era muito intenso. Ao passar por ruas congruentes, isoladas dentro da timidez do bairro Nove de Abril, que distava cerca de dois quilômetros e meio de sua casa, avistou um aglomerado humano, que lhe chamou a atenção. Em pleno domingo, aquilo parecia normal no bairro simples. Eram pessoas que formavam ordenadas, duas filas ligeiramente paralelas, em cujo interior, protegido pelo aparato humano, um de cada lado, uma espécie de andor, certamente de madeira, envolvido por fitas coloridas, flores e outros enfeites bordados, em cujo...

No comments:

Post a Comment

A DINÂMICA DO PERDÃO - 8   O alerta existe em função da riqueza de conceitos envolvendo a ideia de livre-arbítrio . É algo essencialmente op...