Monday, January 25, 2016

PROCESSOS QUE ENVOLVEM MISSÕES E EVANGELISMO –13E
LIVROS E IDEIAS ANTAGÔNICAS E SEUS EFEITOS SOBRE AS NOVAS GERAÇÕES.
                O livro de Maquiavel “ O Principe” foi escrito tendo como ideia central o conceito e as propostas relativas ao poder. E toda a sua inclinação aspirando ao poder, voltada para uma mentalidade sanguinária, é derivada essencialmente pela ambição humana, não somente da ambição puramente da mente humana, mas também das instituições criadas pelo genio criativo e empreendedor dos seres humanos. A luta incessante pelo poder começa com a tentativa humana de se alcançar liberdade de se sentir isolado ou afastado, ou em outras palavras, de se sentir não molestado por outros e, simultaneamente, continuar a exercer domínio sobre outros. Tais ideias são correntes no livro de Michael A. Ledeen, “Machiavelli on Modern LeadershipWhy Machiavelli’s Iron Rules are as Timely and Important Today as five centuries ago”.  (Truman Talley Books – NY. 1999). Já no segundo capítulo deste livro o autor começa a delinear as ideias chaves encontradas em “O Principe”. Mas, é interessante mencionar, que já em sua dedicatória ao “O Principe”, propositadamente dedicado a “Lorenzo de Medici”, Maquiavel se esmera em lhe oferecer a mais honrada oferenda pública, o próprio livro, mas com especial acuidade mental, com especial atenção e parcimônia, tendo em vista a consciência do poder que emanava diligentemente das mãos, ou do forceps, ou de alguma outra virtude advinda do próprio Lorenzo de Médici, a quem Maquiavel chama gentilmente de “Sua Magnificência”. Pode-se observar que a ideia própria de poder se encontra personificada na benignidade do príncipe, que a incorpora de alguma forma, num sentido humanistico e egocêntrico. Para tanto, Maquiavel, ao tentar evitar a recusa em aceitá-lo por parte do príncipe, ele lhe apresenta “O Príncipe” como que desprovido de adornos e atrativos que lhe atribuam excentricidade e extravagância de estilo. Portanto, nenhuma honra deveria ser dada a “O Príncipe”, mas à pessoa do prínpice, personificada aqui, a princípio, pela figura do todo poderoso  Lorenzo de Médici. Neste sentido “O Principe” expressa então o desejo de buscar a exaltação personificada da pessoa do príncipe, ou daquele que detém o poder, no sentido de exaltá-lo, de cultuá-lo como a um ídolo, e acima de tudo de oferecer-lhe tributo como homem de poder, ou a quem o poder cumulou graciosamente com os atributos do poder. Ainda na peroração de sua dedicatória Maquiavel reconhece a utilidade do livro que, se for lido e considerado pelo príncipe, em sua magnifica grandeza, ele lhe trará os benefícios que a sorte por si, juntamente com outros atibutos, lhe conceder como promessa.
Essa é sem dúvida uma das maiores carcterísticas de “O Príincipe”: exaltar o atributo do poder contido na pessoa do príncipe, dando-lhe elementos que o permitam usá-lo com maestria e mais poder ainda. Mas, tal proposta de exaltação da personalidade do príncipe é um reflexo do estado de coisas experimentado por Maquiavel, enquanto observador e homem público, do abuso de poder, e da corrupção  em diversas escalas e níveis de poder nos principados, tanto naqueles em que em seu tempo, eram tidos por hereditariedade, ou os novos principados, aos que se incluem também o poder eclesiástico, que na época de Maquiavel era mais secular, do que propriamente ministerial. Supõe-se que ao observar a discrepância de poder, e ao abuso advindo desta anomalia, Maquiavel, visualiza adaptar o príncipe a um certo numero de normas de conduta política, que melhor se coadunassem à sua condição pública como líder, em função do caracter político que emanava do poder em sua secularidade e corruptibilidade. E para isso, em todos os niveis e modelos estatais, havia sempre um padrão a ser comparado, uma condição a ser exemplificada, um carater a ser perseguido, uma ambivalência  a ser descartada como deplorável, uma atitude a ser negada como execrável, mesmo que para isso a própria Igreja Romana, em seu nível deplorável de corrupção e iniquidade, tivesse que ser descartada como modelo de virtude a ser seguido. E como as invirtudes humanas são cronologicamente ilimitadas, percebe-se claramente que O Príncipe tenha prevalecido através do tempo, e sirva até hoje como modelo aplicável, ou critério prático de julgamento, a servir como padrão em que o príncipe se adapte a  ele, e pelo contrário, não que “O Príncipe” a ele se adapte através do tempo, como se o seu carater paradigmático fosse na verdade alimentar as ambições do príncipe, como medida prototípica.  Essa é uma das primeiras condições práticas utilizadas por Maquiavel, que na verdade cria um estereótipo de comportamento aplicavel ao caracter do líder político, e que vai prevalecer através dos tempos, para os próximos 500 anos. Neste sentido a sua prática não é essencialmente comportamental e coercitiva, mas liberalizante e libidinosa, uma vez que o líder político, ao se utilizar do modelo maquiavélico, encontra elementos de liberalização de suas tendências radicalizantes e seculares, como a se utilizar de um guia que viesse a justificar as atitudes do príncipe, como governante de plenos poderes.  Esse é um veio a ser explorado, mais ainda quando se percebe que O Principe é um modelo profundamente secular, um padrão político das justificativas do poder,  contrariamente à dialética positiva do Cristianismo contida nos Evangelhos de Jesus Cristo, que ao contrário d'O Príncipe, não cria nenhum modelo político aplicado às práticas de poder, nem sugere o modelo de formação e manutenção de uma estrutura de poder secular.  

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