PROCESSOS QUE ENVOLVEM MISSÕES E EVANGELISMO –13E
LIVROS E
IDEIAS ANTAGÔNICAS E SEUS EFEITOS SOBRE AS NOVAS GERAÇÕES.
O
livro de Maquiavel “ O Principe” foi escrito tendo como ideia central o
conceito e as propostas relativas ao poder. E toda a sua inclinação aspirando ao poder, voltada para uma mentalidade sanguinária, é derivada essencialmente pela
ambição humana, não somente da ambição puramente da mente humana, mas também
das instituições criadas pelo genio criativo e empreendedor dos seres humanos.
A luta incessante pelo poder começa com a tentativa humana de se alcançar
liberdade de se sentir isolado ou afastado, ou em outras palavras, de se sentir
não molestado por outros e, simultaneamente, continuar a exercer domínio sobre
outros. Tais ideias são correntes no livro de Michael A. Ledeen, “Machiavelli on Modern Leadership – Why
Machiavelli’s Iron Rules are as Timely and Important Today as five centuries
ago”. (Truman Talley Books – NY. 1999). Já no segundo
capítulo deste livro o autor começa a delinear as ideias chaves encontradas em “O
Principe”. Mas, é interessante mencionar, que já em sua dedicatória ao “O
Principe”, propositadamente dedicado a “Lorenzo de Medici”, Maquiavel se esmera
em lhe oferecer a mais honrada oferenda pública, o próprio livro, mas com
especial acuidade mental, com especial atenção e parcimônia, tendo em vista a
consciência do poder que emanava diligentemente das mãos, ou do forceps, ou de
alguma outra virtude advinda do próprio Lorenzo de Médici, a quem Maquiavel
chama gentilmente de “Sua Magnificência”. Pode-se observar que a ideia própria
de poder se encontra personificada na benignidade do príncipe, que a incorpora
de alguma forma, num sentido humanistico e egocêntrico. Para tanto, Maquiavel,
ao tentar evitar a recusa em aceitá-lo por parte do príncipe, ele lhe apresenta “O Príncipe”
como que desprovido de adornos e atrativos que lhe atribuam excentricidade e
extravagância de estilo. Portanto, nenhuma honra deveria ser dada a “O Príncipe”,
mas à pessoa do prínpice, personificada aqui, a princípio, pela figura do
todo poderoso Lorenzo de Médici. Neste
sentido “O Principe” expressa então o desejo de buscar a exaltação
personificada da pessoa do príncipe, ou daquele que detém o poder, no sentido
de exaltá-lo, de cultuá-lo como a um ídolo, e acima de tudo de oferecer-lhe
tributo como homem de poder, ou a quem o poder cumulou graciosamente com os
atributos do poder. Ainda na peroração de sua dedicatória Maquiavel reconhece a
utilidade do livro que, se for lido e considerado pelo príncipe, em sua
magnifica grandeza, ele lhe trará os benefícios que a sorte por si, juntamente
com outros atibutos, lhe conceder como promessa.
Essa é sem dúvida uma das maiores
carcterísticas de “O Príincipe”: exaltar o atributo do poder contido na pessoa
do príncipe, dando-lhe elementos que o permitam usá-lo com maestria e mais poder
ainda. Mas,
tal proposta de exaltação da personalidade do príncipe é um reflexo do estado
de coisas experimentado por Maquiavel, enquanto observador e homem público, do
abuso de poder, e da corrupção em diversas
escalas e níveis de poder nos principados, tanto naqueles em que em seu tempo,
eram tidos por hereditariedade, ou os novos principados, aos que se incluem
também o poder eclesiástico, que na época de Maquiavel era mais secular, do que
propriamente ministerial. Supõe-se que ao observar a discrepância de poder, e ao
abuso advindo desta anomalia, Maquiavel, visualiza adaptar o príncipe a um
certo numero de normas de conduta política, que melhor se coadunassem à sua
condição pública como líder, em função do caracter político que emanava do poder
em sua secularidade e corruptibilidade. E para isso, em todos os niveis e
modelos estatais, havia sempre um padrão a ser comparado, uma condição a ser
exemplificada, um carater a ser perseguido, uma ambivalência a ser descartada como deplorável, uma atitude
a ser negada como execrável, mesmo que para isso a própria Igreja Romana, em
seu nível deplorável de corrupção e iniquidade, tivesse que ser descartada como
modelo de virtude a ser seguido. E como as invirtudes humanas são
cronologicamente ilimitadas, percebe-se claramente que O Príncipe tenha
prevalecido através do tempo, e sirva até hoje como modelo aplicável, ou
critério prático de julgamento, a servir como padrão em que o príncipe se
adapte a ele, e pelo contrário, não que “O
Príncipe” a ele se adapte através do tempo, como se o seu carater paradigmático
fosse na verdade alimentar as ambições do príncipe, como medida prototípica. Essa é uma das primeiras condições práticas utilizadas por Maquiavel, que na verdade cria um estereótipo de comportamento aplicavel ao caracter do líder político, e que vai prevalecer através dos tempos, para os próximos 500 anos. Neste sentido a sua prática não é essencialmente comportamental e coercitiva, mas liberalizante e libidinosa, uma vez que o líder político, ao se utilizar do modelo maquiavélico, encontra elementos de liberalização de suas tendências radicalizantes e seculares, como a se utilizar de um guia que viesse a justificar as atitudes do príncipe, como governante de plenos poderes. Esse é um veio a ser explorado, mais ainda quando se percebe que O Principe é um modelo profundamente secular, um padrão político das justificativas do poder, contrariamente à dialética positiva do Cristianismo contida nos Evangelhos de Jesus Cristo, que ao contrário d'O Príncipe, não cria nenhum modelo político aplicado às práticas de poder, nem sugere o modelo de formação e manutenção de uma estrutura de poder secular.
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