SENSUALISMO –
IDOLATRIA DE UM SENTIMENTO – 38
Algumas ideias retiradas do conceito da sexualidade
humana na criação do sexo.
A definição
clássica de secularismo diz respeito basicamente à separação entre o Estado e a
Religião, pois ambos são conceitos e realidades distintas. ( Uma
definição não menos clássica e mais extensiva, nós vamos encontrar no também
clássico livro de Harvey Cox, “The Secular City” onde o autor expande tal
conceito,
não apenas o de SECULARISMO, mas também o
de SECULARIZAÇÃO a um nível mais apurado e conceitualmente mais técnico.
THE SECULAR CITY, by Harvey Cox, New Revised Edition, The MacMillan Co. NY.,
1968 ) Mas tais limites não são inteiramente respeitados. Tanto o Estado interfere de alguma forma nos
negócios referentes às igrejas de modo geral, ou as Igrejas também interferem
nas coisas do Estado, ou por incitar seus membros a exercerem qualquer tipo de
resistência às decisões estatais, podemos dizer também decisões políticas, ou por se negar a respeitar certos
dispositivos legais propostos pelo Estado. No tempo do Apóstolo Paulo ( digamos
nos primeiros séculos da era Cristã ), tal interferência acontecia de modo coincidente entre as duas
diferentes realidades ou “instituições”, apesar de que Jesus Cristo respeitava
os limites de cada uma delas regularmente, e incentivava seus discípulos a
observar as normas e leis propostas pelo Estado. ( cf. Mateus 22:15-22 NIV.) Harvey
Cox afirma à página 2 de seu livro, logo na introdução, que “as
forças da secularização não tem sério interesse em perseguir a religião”.
E a Igreja, obviamente, nunca demonstrou
sério interesse em perseguir, ou interfeir nos negócios do Estado, ainda que na Idade
Média, na Europa, a religião cristã determinava ambas, tanto a posição do Estado
quanto a posição da Igreja, dando ao Estado autoridade estatal e legitimizando
seu poder. No entanto, não é aqui de nosso interesse nos aprofundarmos no
estudo e entendimento dessa questão, que além de complexa, mereceria um estudo
mais comparativo e detalhado. Entretanto, o comportamento moral dos indivíduos
que convivem em cidades e desta forma, participam como membros em comunidades
religiosas, é do interesse não apenas das igrejas, como também do Estado, que
certamente impõe normas e regulamentos aplicáveis tanto aos membros de igrejas
quanto aos cidadãos em sua parcela de involvimento nos negócios do Estado. E a
Igreja, em contrapartida, deve assegurar que seus membros obedeçam às leis
estabelecidadas por Deus na Bíblia, ou outro livro sagrado em outras religiões,
dentro de suas atividades estatais. Paulo faz uma descrição pormenorizada em
uma de suas epístolas ao analizar o comportamento de certos indivíduos dentro
dos limites estabelecidos pela Bíblia, e tal análise obviamente vem afetar seu
comportamento moral naquilo em que ele interfere negativa ou positivamente nas
normas mantidas pelo Estado. Mas não no sentido de criar antagonismos mas de
asseverar a obediência à Palavra de Deus. Paulo, no entanto, está consciente de
que as normas religiosas também precisam ser obedecidas, da mesma forma como
supostamente as normas estatais também devem ser acatadas por todos. Nos dias
atuais nós percebemos que tanto os conceitos de religiosidade (religião) e de
secularização (secularismo) vieram acirrar ainda mais as distinções que
porventura existiam entre tais conceitos, a tal ponto que o comportamento moral
dos indivíduos de modo geral, adquiriu uma amplitude maior e mais liberal, e
tão distintiva, que hoje nós percebemos claramente que a religião não é
fundamental na definição do comportamento moral das pessoas, o que é definido a
níveis pessoais ou indiividuais, por normas de opção autônomas, ou por escolhas
aceitas sem nenhum apelo religioso. Coincidentemente assim também ocorria no
tempo de Paulo. Embora, originalmente, a incipiente influência do cristianismo
não podia definir normas que pudessem ser aplicadas mais extensivamente a todos
os setores da sociedade civil, o papel da religião cristã dentro da Igreja Primitiva
era tal que ela soube se posicionar não apenas coibindo o comportamento tido
por imoral, mas fazendo valer o aspecto autoritativo da Palavra de Deus como
norma padrão, naquilo em que lhe cabia o direito de expressar sua opinião
dentre aqueles que, por definição, eram tidos por cristãos, ou seguidores de
Jesus Cristo. A identidade dos conceitos
em épocas distintas nos permite afirmar que hoje, o comportamento ético e moral
de certas pessoas dentro da sociedade civil, ou sobre a influência do
secularismo, principalmente, se distanciou a tal ponto que as normas que o regem
são essencialmente autônomas, liberalizadas apenas pelo conceito de livre
escolha, ou por liberdades individuais, mas sustentando ainda como respaldo legal,
que cabe à religião o direito de se calar absolutamente, sem o direito de
emitir qualquer norma, dita coercitiva sobre os indivíduos, sem o direito de
impedir que os indivíduos ajam livremente, mesmo que suas atitudes sejam morais ou
declaradamente imorais. E nisso reside a força do secularismo contrariamente à
atuação da Igreja, ou da religião, nos dias atuais.
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