Tuesday, March 26, 2019

SENSUALISMO – IDOLATRIA DE UM SENTIMENTO – 38
Algumas ideias retiradas do conceito da sexualidade humana na criação do sexo.


A definição clássica de secularismo diz respeito basicamente à separação entre o Estado e a Religião, pois ambos são conceitos e realidades distintas. ( Uma definição não menos clássica e mais extensiva, nós vamos encontrar no também clássico livro de Harvey Cox, “The Secular City” onde o autor expande tal conceito, não apenas o de SECULARISMO,  mas também o de SECULARIZAÇÃO a um nível mais apurado e conceitualmente mais técnico. THE SECULAR CITY, by Harvey Cox, New Revised Edition, The MacMillan Co. NY., 1968 ) Mas tais limites não são inteiramente respeitados.  Tanto o Estado interfere de alguma forma nos negócios referentes às igrejas de modo geral, ou as Igrejas também interferem nas coisas do Estado, ou por incitar seus membros a exercerem qualquer tipo de resistência às decisões estatais, podemos dizer também decisões políticas, ou por se negar a respeitar certos dispositivos legais propostos pelo Estado. No tempo do Apóstolo Paulo ( digamos nos primeiros séculos da era Cristã ), tal interferência  acontecia de modo coincidente entre as duas diferentes realidades ou “instituições”, apesar de que Jesus Cristo respeitava os limites de cada uma delas regularmente, e incentivava seus discípulos a observar as normas e leis propostas pelo Estado. ( cf. Mateus 22:15-22 NIV.) Harvey Cox afirma à página 2 de seu livro, logo na introdução, que “as forças da secularização não tem sério interesse em perseguir a religião”. E a Igreja, obviamente, nunca  demonstrou sério interesse em perseguir, ou interfeir  nos negócios do Estado, ainda que na Idade Média, na Europa, a religião cristã determinava ambas, tanto a posição do Estado quanto a posição da Igreja, dando ao Estado autoridade estatal e legitimizando seu poder. No entanto, não é aqui de nosso interesse nos aprofundarmos no estudo e entendimento dessa questão, que além de complexa, mereceria um estudo mais comparativo e detalhado. Entretanto, o comportamento moral dos indivíduos que convivem em cidades e desta forma, participam como membros em comunidades religiosas, é do interesse não apenas das igrejas, como também do Estado, que certamente impõe normas e regulamentos aplicáveis tanto aos membros de igrejas quanto aos cidadãos em sua parcela de involvimento nos negócios do Estado. E a Igreja, em contrapartida, deve assegurar que seus membros obedeçam às leis estabelecidadas por Deus na Bíblia, ou outro livro sagrado em outras religiões, dentro de suas atividades estatais. Paulo faz uma descrição pormenorizada em uma de suas epístolas ao analizar o comportamento de certos indivíduos dentro dos limites estabelecidos pela Bíblia, e tal análise obviamente vem afetar seu comportamento moral naquilo em que ele interfere negativa ou positivamente nas normas mantidas pelo Estado. Mas não no sentido de criar antagonismos mas de asseverar a obediência à Palavra de Deus. Paulo, no entanto, está consciente de que as normas religiosas também precisam ser obedecidas, da mesma forma como supostamente as normas estatais também devem ser acatadas por todos. Nos dias atuais nós percebemos que tanto os conceitos de religiosidade (religião) e de secularização (secularismo) vieram acirrar ainda mais as distinções que porventura existiam entre tais conceitos, a tal ponto que o comportamento moral dos indivíduos de modo geral, adquiriu uma amplitude maior e mais liberal, e tão distintiva, que hoje nós percebemos claramente que a religião não é fundamental na definição do comportamento moral das pessoas, o que é definido a níveis pessoais ou indiividuais, por normas de opção autônomas, ou por escolhas aceitas sem nenhum apelo religioso. Coincidentemente assim também ocorria no tempo de Paulo. Embora, originalmente, a incipiente influência do cristianismo não podia definir normas que pudessem ser aplicadas mais extensivamente a todos os setores da sociedade civil, o papel da religião cristã dentro da Igreja Primitiva era tal que ela soube se posicionar não apenas coibindo o comportamento tido por imoral, mas fazendo valer o aspecto autoritativo da Palavra de Deus como norma padrão, naquilo em que lhe cabia o direito de expressar sua opinião dentre aqueles que, por definição, eram tidos por cristãos, ou seguidores de Jesus Cristo.  A identidade dos conceitos em épocas distintas nos permite afirmar que hoje, o comportamento ético e moral de certas pessoas dentro da sociedade civil, ou sobre a influência do secularismo, principalmente, se distanciou a tal ponto que as normas que o regem são essencialmente autônomas, liberalizadas apenas pelo conceito de livre escolha, ou por liberdades individuais, mas sustentando ainda como respaldo legal, que cabe à religião o direito de se calar absolutamente, sem o direito de emitir qualquer norma, dita coercitiva sobre os indivíduos, sem o direito de impedir que os indivíduos ajam livremente, mesmo que suas atitudes sejam morais ou declaradamente imorais. E nisso reside a força do secularismo contrariamente à atuação da Igreja, ou da religião, nos dias atuais. 

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