SENSUALISMO – IDOLATRIA DE UM SENTIMENTO – 63
Algumas
ideias retiradas do conceito da sexualidade humana na criação do sexo.
Na verdade, a proposta maior de Deus não é
trazer o futuro para o contexto da Palavra, mas pelo contrário, trazer a
Palavra para o contexto do futuro, ou para os dias que ainda virão. Neste
sentido Deus não faz um caminho de volta do futuro para o passado como numa
reversão profética, em direção ao contexto da Palavra. Mas Deus se mostra, se revela e se comunica
através da Palavra na direção profética do que vai acontecer no futuro. Houve portanto, uma interação relacional
imediata entre homem e natureza a partir do exato instante em que o homem peca
contra Deus. A natureza se torna cúmplice dos seres humanos a partir do
instante em que eles se cobrem com folhas de fígo e se escondem por detraz das
árvores do Jardim, conforme o relato bíblico. A maldição imposta por Deus ao
homem, atinge também toda a natureza criada, como podemos observar em Genesis
cap. 3 verso 17. Não existe, pois, separação distintiva, mas identidade
compartilhada entre homem e natureza. Posteriormente Deus substitui as folhas
de figo, usadas pelo homem, por pele de animal, numa clara alusão de que a
proteção maior concedida aos seres humanos seria dada por um ser vivo
sacrificado. E nisso existe a primeira alusão à dependência sacrificial,
posterior à promessa dada em Genesis 3 verso 15, referente ao envio de seu
filho, Jesus Cristo, como observamos claramente no final desse mesmo verso, o
que para alguns teólogos significa a referência ao proto-evangelho de Jesus.
Após o relato da criação da natureza em toda a sua totalidade, como observamos
em Genesis cap. 1 versos 1 a 31, e somente após a criação da natureza, foi que Deus
se ocupou, então, da criação dos seres
humanos. No verso 26 do capítulo 1 de Genesis, Deus confia ao homem o domínio
sobre toda a natureza. A interdependência maior entre homem e natureza,
posteriormente ao legado de domínio já estabelecido, acontece de modo mais
claro a partir do instante em que o homem peca contra Deus e precisa se
refugiar sob a roupagem de proteção dada pelas folhas de fígo. Existe aí uma cumplicidade, que se estende até
aos dias atuais. Existe ainda uma outra evidência, ou seja, uma outra
cumplicidade manifesta pela natureza em relação ao pecado humano, como podemos
observar em Genesis cap. 3 verso 8, em que ficou clara a dependência dos seres
humanos com relação à natureza, quando Adão e Eva se escondem da presença de
Deus por detrás das árvores no Jardim. A partir do verso 14, cap. 3, podemos
observar que tanto os seres humanos, quanto a serpente, foram julgados por Deus
em níveis distintos mas em proporções
semelhantes, numa evidente prova de que a natureza e os seres humanos se
igualaram também em níveis de maldição proporcionalmente semelhantes. Deus
estabelece também leis restritivas que se aplicaram e continuam se aplicando
hoje à natureza criada, ao dizer, no cap. 3 verso 17, “maldito seja o chão por
causa de você”. Neste verso está portanto, confirmada a dependência
interrelacional entre homem e natureza criada. Mas, neste ponto cabe-nos a
seguimte pergunta: Por que Deus haveria
de amaldiçoar toda a natureza, se somente o homem pecou contra Ele? Na verdade,
a partrir desse ponto, percebemos o quão relacionados e dependentes homem e
natureza passam a coexistir, sofrendo ambos de um pecado que a princípio
atingiu apenas a natureza humana individualmente. The american scholar Richard M. Weaver, em “Ideias Have
Consequences” on page 171, ( Piety and Justice ), endossa tais argumentos ao afirmar
que “Somehow the notion has been loosed that nature is hostile to
man or that her ways are offensiv e…so that every step of progress is measured
by how far we ( men ) have altered these (ways). Nothing short of a
recovery of the ancient virtue of pietas can absolve man from this sin “.
Em outras palavras o autor
quer reafirmar que a hostilidade e a agressividade expressa pelo fenomeno
natural existe em função do progresso empreendido pelo homem que, de alguma
forma, altera sensivelmente o curso normal da natureza tornando-a agressiva e
hostil. Isso os coloca como dependentes diretos, natureza e progresso humano,
que em sintese relaciona tal pecado humano, ou o progresso, intimamente
relacionado às reações produzidas pela natureza. Proporcionalmente, semelhantes ideias vemos reafirmadas
no livro de Genesis, se analisarmos de um lado o primeiro pecado humano, e a
multiplicidade dos demais pecados cometidos pelos seres humanos a partir de então e suas
terríveis consequências sobre a natureza criada.
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