SENSUALISMO
– IDOLATRIA DE UM SENTIMENTO – 9
Algumas
ideias retiradas do conceito da sexualidade humana na criação do sexo.
(A dimensão do amor infinito do homem e da mulher
no sexo.)
Deus nos criou por amor e não por força de reações químicas. E o amor
humano não deve ser medido por força de tais reações. É possível se distinguir
essa diferença? A essência dessa diferença? Observe que quando Deus insuflou o
sopro de vida na criação do homem, foi
como se estivesse presente nesse sopro também um outro ser, uma outra vida. Foi
o que Ele mostrou quando retirou a mulher de dentro do homem, de sua carne, ao
criá-la de uma parte do homem. Desta forma o amor se multiplica e se expande
quando Ele diz em Genesis 2:24 “que é por isso que homem e mulher deixarão pai
e mãe para se tornarem uma só carne”, fazendo-os retornarem ao sopro original
da criação, à unicidade da criação de homem/mulher, ao fôlego de vida que criou
dois seres, ao ato eterno “de dois seres se cria novamente um”. Em essência, esse é o significado mais
profundo do que o amor realmente é, quando do sopro de Deus ele faz surgir em
vez de um, dois seres criados à sua imagem e semelhança, dois seres retirados
de um ser originalmente criado, através de um único sopro de vida. Não existe
imagem mais profunda que se expande no ato da criação, ao percebermos o poder
do amor de Deus se expandindo nesse ato. Isso distingue criação divina de
criação humana. Essencialmente, no ato
da criação não existe espaço para a transgressão, quando se percebe que os atos
de Deus são puros, essencialmente puros. Isso nos faz refletir sobre o que Deus
realmente é, um ser puro criando seres puros. Quando homem e mulher percebem a
pureza do ato da criação divina, eles passam a entender o que o amor
essencialmente vem a ser: ato puro da criação divina. A transgressão humana
criou a dissensão, ou seja, o pecado original transgrediu o ato puro da criação
divina. Por quê motivo Deus tenta, então, encobrir a nudez humana? Porque ela havia
sido manchada pelo dolo do pecado original. Aos olhos humanos é impossível se
entender essencialmente o que significa amor divino e o que Deus queria no ato
da criação. Percebe-se então, uma distinção clara, cristalina, ontológica,
entre a vida no Éden, anterior ao pecado, e a vida posterior ao pecado. São
duas realidades diferentes, intrínsecas e essencialmente divergentes. Coube
somente a Deus intervir e se relacionar com esse tipo de discrepância, de
anomalia do ato divino pós-criação, causado pela divergência do que significou
o pecado original. A história humana se tornou então o conserto que a força dos
atos de Deus projeta sobre sua criação: reascender a fagulha do sopro divino ao
seu mover e amor originais, dentro da história humana. Porque criar traduz um mover contínuo. Deus está
nos mostrando que criar, o ato de criar, é um ato de projeções infinitas,
eterno em sua essência original. É o eterno UM, a unidade perpetuada no ato de
criar. E o livro de Gênesis nos mostra a essência da criação naquilo em que ela
se conecta com o infinito. É impossível se perceber ( ou conceber ) a criação
divina como um ato limite, sem projeções infinitas, assim como é impossível se
perceber o amor humano entre homem e mulher apenas como um ato de projeções
limitadas, sem conexão com o eterno. Deus mostrou isso a Abraão quando lhe
disse em Gênesis 22:17 que sua descendência seria como a multiplicidade das
estrelas no céu e como os grãos de areia numa praia, ou seja, incontável, um ato
contínuo de projeção infinita. Deus percebe claramente a dimensão do pecado
original como uma fagulha de limitações, como um bloqueio de limitações à
projeção da criação infinita. E mesmo assim, como nada pode interferir nos atos
de Deus, ele quis dar ao homem e à mulher, a chance das projeções infinitas
através do amor entre eles. Nem o pecado pode interferir na soberania e no ato
contínuo que é a glória de Deus em seu ato de criar. O pecado original, como
nasce da transgressão humana, tem em si um elemento de finitude, de limitações,
que não impede, que não bloqueia o que Deus é capaz. Um elemento de finitude
que se projeta para o infinito, apesar de tudo. A promessa de enviar Jesus
Cristo, já estabelecida no proto-evangelho, ainda no livro de Gênesis, mostra
em si, a força das projeções infinitas do amor de Deus, aplicada à criação que
se contaminou com o pecado, mas que alcança remissão na cruz de Jesus.