Sunday, July 5, 2020


Trecho de meu livro “A CIDADE DE CAIN E A APOTEOSE DE JAY”.
( Capítulo 7 - pagina 77 ) 

Os argumentos de Satan estavam então se tornando efetivos na mente de Eva, o sabor amargo de seu veneno, tendo-a feito aceitar um desvio íntimo nas propostas originais de Jay de que ela certamente morreria, e o mistério escondido por detráz da árvore do Conhecimento do Bem e do Mal ao ser desvendado, certamente lhe revelaria toda a verdade.
- Qual nada, disse a serpente. Não uses de estultícia, prove-os! Pois eu suponho que vais te arrepender por não terdes feito.  E certamente entristeces os desejos mais profundos em teu coração, que tão logo o perceberes, ele estará como que cheio de ardentes anseios em poder tocá-los e levá-los à boca.
Quando Eva se sentiu finalmente convencida, viu que o fruto da árvore era bom por alimento, agradável aos olhos e desejável como fonte de inspiração, sentindo-se tentada por três de seus atributos. Elevou as mãos para o alto, buscando ansiosamente por entre as folhas, pelo fruto que mais lhe agradasse, embora soubesse de antemão, que dada à sua aparência extraordinária e á sua misteriosa simetria, eram todos de mesma formosura.  Por um instante que lhe pareceu eterno, a serpente se aquietou imóvel, silenciosa como estátua de mármore fria, esbugalhando-se-lhe os olhos na expectativa do mais memorável de todos os feitos na história do coração humano.  Imobilidade total esboçada pelo aquietar-se do próprio Satan, que esperava pela atitude afirmativa das mãos da mulher e de todo o seu ser, estendendo-se no espaço em direção aos frutos proibidos.  De suas mãos estiradas sairia o destino dos homens, traçado a partir de seu ato inescrupuloso e da convivência original com o pecado. Delas viria também a destinação irremediável que daria aos demônios a posse da Terra e todo o seu domínio viria de mãos beijadas ao anjo do mal por detraz do golpe fatídico contra aquela mulher, seu marido e toda a sua descendência.  Disse então Eva, com os braços estendidos, projetando para o alto a leveza singela de um corpo branco, graciosamente nu, pleno de inocente sensualidade e beleza.
- Sim, aquele que me parecer mais apetitoso, este será o meu escolhido, disse consentindo com as mãos, os olhos e o coração, sem perceber que todos eram absolutamente iguais. De pronto esticou o braço e estendendo-se em direção ao fruto, pôs a mão sobre ele, como se tivesse posto a mão sobre o drama de todos os humanos. Agarrou-o e o puxou com força e inconscientemente esperou que mudasse assim a história dos fatos e acontecimentos relativos à vida de cada ser humano que depois de si mesma viveria sobre a face da Terra.

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