Trecho de meu livro “A CIDADE DE CAIN E A APOTEOSE DE JAY”.
( Capítulo 7 - pagina 77 )
( Capítulo 7 - pagina 77 )
Os argumentos de Satan estavam então
se tornando efetivos na mente de Eva, o sabor amargo de seu veneno, tendo-a
feito aceitar um desvio íntimo nas propostas originais de Jay de que ela
certamente morreria, e o mistério escondido por detráz da árvore do
Conhecimento do Bem e do Mal ao ser desvendado, certamente lhe revelaria toda a
verdade.
- Qual nada, disse a serpente. Não
uses de estultícia, prove-os! Pois eu suponho que vais te arrepender por não terdes
feito. E certamente entristeces os
desejos mais profundos em teu coração, que tão logo o perceberes, ele estará
como que cheio de ardentes anseios em poder tocá-los e levá-los à boca.
Quando Eva se sentiu finalmente
convencida, viu que o fruto da árvore era bom por alimento, agradável aos olhos
e desejável como fonte de inspiração, sentindo-se tentada por três de seus
atributos. Elevou as mãos para o alto, buscando ansiosamente por entre as
folhas, pelo fruto que mais lhe agradasse, embora soubesse de antemão, que dada
à sua aparência extraordinária e á sua misteriosa simetria, eram todos de mesma
formosura. Por um instante que lhe
pareceu eterno, a serpente se aquietou imóvel, silenciosa como estátua de
mármore fria, esbugalhando-se-lhe os olhos na expectativa do mais memorável de
todos os feitos na história do coração humano. Imobilidade total esboçada pelo aquietar-se do
próprio Satan, que esperava pela atitude afirmativa das mãos da mulher e de
todo o seu ser, estendendo-se no espaço em direção aos frutos proibidos. De suas mãos estiradas sairia o destino dos
homens, traçado a partir de seu ato inescrupuloso e da convivência original com
o pecado. Delas viria também a destinação irremediável que daria aos demônios a
posse da Terra e todo o seu domínio viria de mãos beijadas ao anjo do mal por
detraz do golpe fatídico contra aquela mulher, seu marido e toda a sua descendência. Disse então Eva, com os braços estendidos,
projetando para o alto a leveza singela de um corpo branco, graciosamente nu,
pleno de inocente sensualidade e beleza.
- Sim, aquele que me parecer mais apetitoso,
este será o meu escolhido, disse consentindo com as mãos, os olhos e o coração,
sem perceber que todos eram absolutamente iguais. De pronto esticou o braço e estendendo-se
em direção ao fruto, pôs a mão sobre ele, como se tivesse posto a mão sobre o
drama de todos os humanos. Agarrou-o e o puxou com força e inconscientemente
esperou que mudasse assim a história dos fatos e acontecimentos relativos à
vida de cada ser humano que depois de si mesma viveria sobre a face da Terra.
No comments:
Post a Comment