PROCESSOS QUE ENVOLVEM
MISSÕES E EVANGELISMO – 15 B
O oportunismo
ideológico de ANTONIO GRAMSCI, e a formação do Neo-Marxismo.

Alguns conflitos e revoluções populares
ocorreram na Rússia antes de 1917. Mas de alguma forma tais conflitos populares
vieram a eclodir como movimentos
coletivos de massa contra a corrupção, a incompetência e as
injustiças causadas pelo regime czarista russo, como ocorreu com a
Revolução Russa de 1905 e outros dois conflitos em 1917. Tais conflitos levaram
a termo o regime czarista de Nicholas II como o último monarca russo a ser
deposto por um governo provisório, liderado por um conselho de trabalhadores
(ou Soviets) que posteriormente, sob o comando de Lenin, e seus bolcheviques, aprisionaram
o czar e o executaram. Foi um período de intensos conflitos e caos na Rússia posteriomente
ao czarismo, em que, entre outros eventos, os Bolcheviques transformaram a
milícia de trabalhadores na Guarda Vermelha ou Exercito Vermelho em seus
aliados revolucionários. Não houve, no entanto, como GRAMSCI pôde observar, a
Revolução Bolchevique do Proletariado Russo contra a Burguesia. No “Manifesto
Comunista” juntamente com F. Engels, Marx teve como objetivo apresentar uma
aproximação analítica à luta de classes em toda a Europa, além de problemas
ligados ou gerados pela sociedade capitalista, que ganhava momentum a partir da
Revolução Industrial. Logo no início do “Manifesto”, Marx and Engels declaram
que “Todos os poderes da velha Europa
entraram em uma santa aliança para eliminar, exorcizar, o
expectro do Papa, o Czar da Russia, Metternich, Guizot, os Radicais Franceses e os espiões da polícia
alemã”. Em outras palavras Marx e seu comparsa haviam declarado ser a Igreja
Católica, ou a Religião Cristã, um dos primeiros inimigos a serem banidos como
força de oposição ao Comunismo supostamente em sua luta de preservação dos
interesses do partido comunista, ou da ideologia comunista. Fato que foi explorado em capítulo anterior,
pela ferrrenha oposição ao cristianismo protestante, essencialmente pelos
escritos de Engels. Para Marx e Engels o
ideal revolucionário teria como meta o que eles definiam como sendo “a reconstituição revolucionária da
sociedade humana como um todo”.
Mas Revolução nos moldes dos ideais marxistas e engelianos. Para ambos, todos
esses elementos faziam parte do que Marx e Engels chamavam de MODERNA SOCIEDADE
BURGUESA, que havia estabelecido duas grandes classes sociais distintas e
antagônicas: a burguesia e o
proletariado. Vimos anteriormente o peso da crítica marxista à religião em
um de seus escritos (Critique of Hegel’s Philosophy of Right), e nos livros escritos
por Engels, ( essencialmente em “The
Origin of the Family, Private Property, and The State” ) onde o conceito bíblico
de familia, como fora originalmente definido no livro de Genesis, é banido pela
idéia de uma crítica radical enfatizada por ele em que “a primeira instituição
doméstica na história humana NÃO FOI A FAMÍLIA, mas o clã matriarcal”. Tais definições
e o peso dessas idéias deram a ANTONIO GRAMSCI elementos que o levaram a crer
que conceitos histórico-culturais e não apenas a Revoluçaõ Armada, mas
essencialmente cultural, teriam sido a causa da frustração marxista antes,
durante e após a chamada revolução bolchevique, que NÂO reuniu o proletariado
contra a burguesia na então sociedade Russa.
As
ideologias marxcianas ( ou seja, definidas pelo próprio Karl Marx) aplicadas à
revolução do proletariado na Rússia, seriam apenas realizadas através de uma
revolução sangrenta. A proposta de tomada de poder por meio da ditadura do
proletariado, na concepção de Marx, não seria nunca uma imposição ideológica,
ou a sugestão das idéias marxistas sendo insufladas sobre a mente das pessoas.
O que Marx queria e sonhou fazer, foi tomado como estratégia do próprio
Vladimir Lenin, ( o principal articulador de todos os levantes e da revolução bolchevique ) “o discípulo espiritual”
de Marx que também propunha a utilização da violência e da tomada de poder
através da revolução armada, dos tanques nas ruas, da eliminação sistemática de
sociedades inteiras, da luta armada no seio da sociedade, através de mortes e
assassinatos, sem respeitar as liberdades individuais, a propriedade privada e
a dissidência político-ideológica. ANTONIO GRAMSCI viu em tudo uma grande
oportunidade para a sua articulação ideológica.