PROCESSOS QUE
ENVOLVEM MISSÕES E EVANGELISMO – 14 F
Apesar de Karl Marx e Friedrich Engels (foto) terem sido parceiros em seus
livros, ( muitos deles escritos a 4 mãos, como “O Manifesto Comunista”, “The German
Ideology”, “On Religion”, “Revolution and Counter Revolution”, “The Holy Family”,
e outros ), existe sem dúvida no pensamento ideológico de Marx e Engels, uma
divergencia crescente, não de todo antagônica mas conceitual, a partir do
instante em que ambos se propõe a divagar em suas conclusões ideológicas. ( Por
exemplo, quando Marx escreve O Capital – ou Das Kapital – não existe quase
nenhuma referência à religião. Para Marx o fenomeno religioso se torna
irrelevante, como já dissemos, pois sua preocupação maior era considerar a Economia,
ou as relações sócio-economicas, dentro do conflito de classes). Tal divergêcia começa a se manifestar a partir
do instante em que Marx se interessa mais sobre o aspecto economico/ideológico das
relações entre o Protestantismo e o Capitalismo, enquanto que Friedrich Engels
se volta para uma análise mais pormenorizada do Calvinismo e da burguesia,
notadamente no que se refere à Revolução Burguesa na Inglaterra do século XVII.
Mas, é fato conhecido que Engels manifestou interesse também na análise da
Religião Cristã da Igreja Primitiva, não em seu aspecto teológico ou
evangelístico. Mas, a religião das primeiras comunidades cristãs do primeiro
século da era cristã, como manifestação de uma classe escravista ou escravisada,
formada sob o domínio do Império Romano, claro, com intenções evidentes de
descaracterizar o cristianismo, de criticá-lo e lançar sobre a Religião Cristã
uma espécie de origem nefasta e mal-intencionada. Outros autores e pensadores
do século XIX também se debruçaram sobre o fenomeno religioso com mesmas
intenções , ou por especulações próprias. Max Weber (1864-1920), por exemplo,
também se dedicou ao estudo das religiões em seu aspecto sociológico, mas, além
do cristianismo ele também se interessou pelo Judaísmo, pelo Confucionismo, e
outras. Engels se dedicou exclusivamente ao Cristianismo, criando um aparato
intelectual que incluia discussões do tema com autores de seu tempo, como Bruno
Bauer, contemporaneo de Engels e Marx. Mas tais discussões eram voltadas para a
sociologia das religiões, dentro de seu aspecto puramente sociológico, razão
pela qual a análise do fenômeno religioso desconhecia ou repudiava a religião
como fenômeno espiritual, no âmbito da Revelação Divina. O que Engels descobre
em tudo isso, é que havia uma similaridade com as massas oprimidas do primeiro
século do cristianismo, com os movimentos sociais do século XIX, de classes
menos favorecidas como os operários, artesãos, camponeses, escravos e homens
livres e pobres, para quem o único elemento
unificador ou articulador ideológico, era apenas a religião. Um fenômeno que se
repete no curso da história, é esse eterno retorno às comunidades cristãs primitivas,
que serviam como modelo inspiracional e motivador das revoltas históricas
acontecidas no âmbito das classes menos favorecidas. Para Engels não existia um
modelo ou programa comum a tais grupos, que criasse uma congluência unificadora
ou de remissão. O unico elemento social unificador de tais grupos era sem
dúvida a religião. Em seu aspecto sociológico. Claro que em Engels, então, a
religião perde seu caracter espiritual, revelacional, para assumir um
compromisso meramente social. E torna-se evidente, que não apenas em Engels,
mas em vários autores anteriores a ele, a desmitificação do fenomeno religioso,
já havia sido manifesta, como crítica severa ao cristianismo, provocada pelos
desvios doutrinarios e heréticos da Igreja Católica Romana, como vimos em Niccolo
Machiavelli (Maquiavel), até anteriormente à Reforma Protestante promulgada por
Martin Luther.
Engels observa que a memória ou a história do Cristianismo Primitivo, ou o"mito" do C.P. inspirou todas as revoltas e ideias dos movimentos populares e proletários no curso da história. Isso quer dizer que a religião se descaracteriza e se afasta de sua função espiritual, revelacional e escatológica, para ser analisada apenas sob o ponto de vista meramente sociológico. A crítica de Engels voltada contra a Religião Cristã, se manifesta de modo odioso e repudiante, principalmente contra os maiores representantes da Reforma Protestante, MARTIN LUTHER e JOHN CALVIN, como veremos a seguir.
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