PROCESSOS QUE ENVOLVEM MISSÕES E EVANGELISMO:
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O carater não
restritivo do Evangelismo. As ideologias do século se opondo ao Evangelho.
Hoje nós vivemos num mundo mesclado por uma
série de ideologias que vieram para ficar encravadas na mente das pessoas, mas
como num processo acima de tudo inconsciente, subreptício, burlando a mente
humana como algo arraigado, que a obriga a pensar dessa maneira, sem ter a
consciência exata de sua irracionalidade e à sua inerência íntima à sua forma
de pensar. E em meio a esta crise de consciência por que passa a mente humana
no mundo pós-moderno, neo-ateu, neo-marxista e conflituoso em que vivemos,
existe ainda a opção cristã pela demanda evangelística, que existe não necessariamente
como opção,mas como demanda do prórpio
Jesus Cristo. Como vimos anteriormente, hoje as ideologias existem como
realidades factuais, mentais e autonomas inflingindo à mente humana uma prisão intelectual
inconsciente. E isso tem sua origem determinada historicamente. Vimos também
que enquanto tomava forma como ciência sistemática, a Filosofia buscou formar
sua própria identidade autônoma, principalmente a partir do pensamento
teológico de Tomás de Aquino, num instante de amadurecimento de sua autonomia,
reforçado ainda mais pelo racionalismo Cartesiano (de René Descartes), e por outras ideologias que
surgiram na história. A Teologia, que
surge a partir do encontro entre racionalismo grego (ou o pensamento filosofico
grego) e a fé Cristã, dentro de um ambiente de disparidade, de
rejeição e de distinção, ao criar sua própria identidade, tenta se conciliar
com o raciocínio filosófico grego,(como já vimos anteriormente) a partir da pregação da Verdade do Evangelho
de Jesus Cristo por Paulo no Areópago. Mas, esse não foi o propósito original
da pregação do evangelismo paulino. Paulo nunca esteve preocupado em conciliar
isso com aquilo, Filosofia com Teologia, ou fazer os gregos entenderem que a
filosofia deveria assumir um novo discursso ou seguir um novo rumo com sua
pregação. Naquela época já existia uma obstinação filosófico/cultural que por
sua própria natureza dava mais ênfase à investigação metafísica (ou filosófica)
em detrimento da própria doutrina cristã, em outras palavras, em prejuizo para
o próprio Apóstolo Paulo e à Doutrina de Jesus Cristo. Nós já vimos que a
filosofia como ciência quis alienar a Doutrina Cristã e discriminá-la, basicamente a partir
do século XV. Jesus já sabia disso. E nem por isso, Jesus amenizou o estilo de
pregação da Palavra ( ou do Evangelho ) com a pregação de Paulo, para se
acomodar ao florescimento do pensamento filosófico. Pelo menos a Bíblia não
mostra isso. Paulo pregava em nome do
Deus Altíssimo, a autoridade suprema com
todo o poder sobre todo o universo, e por esse motivo, Paulo não precisava se
adaptar ao pensamento filosófico corrente, com argumentações fúteis e nem se
submeter à autoridade intelectual dos filósofos gregos enquanto pregava. Se
Paulo precisasse de outros recursos metodológicos ou espirituais que lhe
permitissem alcançar persuasão ou convencimento, o Espírito de Jesus lhos
concedia gratuitamente. Isso podemos ver claramente em Atos 14:3, onde Paulo e
Barnabé recebiam poder para operar em sinais e maravilhas através das dádivas
de poder concedidas pelo Deus provedor ( Yahweh Jireh ) e pelo Deus Minha
Bandeira, que lhes prometera e operava vitórias a seu povo e aos seus apóstolos
( Yahweh Nissi ). Portanto, havia o suporte espiritual de Jesus no ministério
evangelistico dos apóstolos desde o princípio de sua missão evangelística, com
Deus indo à fente em sua providência. E esse suporte espiritual ocorre também
hoje, porque Deus é o mesmo. Apesar de toda incredulidade reinante não apenas
entre os gentis mas também entre os judeus e posteriormente entre os filósofos
gregos, o suporte divino era real e acrescentado à medida que Paulo ou outros
apóstolo dele precisassem. O objetivo de Paulo, como vimos, era o de pregar o
Evangelho de Jesus, em meio ao milieu filosófico/cultural de seu tempo, e isso
foi cumprido. Hoje, os evangelistas enfrentam o mesmo fenômeno, quando saem
para pregar o Evangelho, ou para fazer missões e evangelismo. Existia uma série
de oposições ideológico/filosóficas arraigadas na mente do homem sem a Bíblia
do tempo ou do ministério apostólico, da mesma forma como existe hoje, no mundo
secular pós-moderno em que vivemos. As oposições eram restritivas e de natureza
filosófica, da forma como vemos também hoje.(Deve-se ressaltar, no entanto, que havia uma exceção, representada pela oposição ao Evangelho que os judeus, notadamente os saduceus e fariseus, e seus seguidores faziam contra Jesus e os apóstolos, que se opunham de forma não filosófica, nem político-filosófica, mas se opunham de modo a sustentar suas posições religiosas, ou teológicas, centradas apenas no Torah ). Hoje, quando um indivíduo rejeita ouvir
a mensagem de salvação do Evangelho, ele, certamente, está sendo influenciado
por algum tipo de ideologia que lhe foi préviamente informada, ou está submetido
por argumentos que o bloqueiam deliberadamente, ou ao rejeita-la, quando sua mente
o induz a isso, ou a ignora-la, quando sua mente não possui elementos cognitivos.
E isso é ignorado por muita gente que muitas vêzes nem mesmo pode perceber
quais tipos de idéias existem em sua mente obrigando-o a rejeitar o evangelho.
Questões de ordem metodológica, teológica, filosófica, política, social e
eclesiástica eram suscitadas à medida que a igreja crescia ou que o Evangelho
avançava. Veja por exemplo a manifestação de vários conflitos internos à Igreja
Primitiva em Atos 8:9, em Atos 14, e em Atos 15, na questão ligada à
circuncisão no primeiro Concílio da Igreja Cristã, por exemplo. Hoje acontece o
mesmo. Conflitos eram gerados da mesma
forma como devemos esperar situações conflitantes surgindo em meio à pregação
do evangelho no meio urbano. Aliás, o evangelismo paulino se dava acima de tudo
dentro do contexto urbano. E Jesus também visava pregar a Boa Nova do Reino
acima de tudo dentro do contexto das cidades. As cidades existem como
referencial. Veja em Atos 9, no episódio da conversão de Saulo, o que Jesus lhe
ordenou logo que ele observa a presença do Senhor diante de si: “Now get up and go into the city, and you
will be told what you must do”. (NIV).
( Agora levante-se e vá à cidade e lhe será dito o que você deve
fazer”) Neste contexto, a cidade existe como manifestação da vontade divina
relativa a seus seguidores. E isso vemos claramente no livro de Atos em que as
ordenanças de Jesus a seu povo e à sua igreja, se tornam manifestas mais
realisticamente dentro do contexto urbano. E como podemos definir o contexto
urbano hoje? E como nós definimos uma
cidade hoje? ( Aliás a pergunta não é minha. Já foi feita anteriormente por
Harvie M. Conn em seu livro “A Clarified Vision for Urban Mission”, no capítulo
3 desse livro, onde se lê sobre a “Generalização do Crime: tenho medo da
cidade”. (pg. 65). As cidades hoje, tem em sua estrutura, palavras tais como,
gheto, crime, estresse, solidão, suicídio, perda de individualidade, mudança rápida,
religiosidade, pobreza, injustiça, roubo, corrupção, egoísmo, arrogância, introversão,
idolatria, relativismo, pluralismo. E ainda hoje, podemos acrescentar outras palavras
como, ocultismo, perda de conceitos morais, satanismo, ecletismo, sincretismo, ecumenismo,
imanentismo, lesbianismo e gaysismo, gnosticismo, ateísmo, intelectualismo,
existencialismo, marxismo, pessimismo, homosexualismo, machismo, homofobia, anti-semitismo, e muitas
outras palavras, e situações que existem para constranger e congestionar o meio
urbano e social em que vivemos hoje. Para a sorte de Paulo (e de acordo com o contexto socio/histórico em
que Paulo viveu) ele encontrou acima de tudo, oposição intelectual, violência,
intelectualismo, idolatria, prostituição, leviandade, e outros “ismos” que no
entanto, não expressavam a complexidade dos problemas que enfrentamos hoje.
Mas, isso vai se repetir historicamente ainda, como veremos posteriormente.
Outros componentes sociológicos são acrescidos hoje, como por exemplo, o
desemprego, problemas ambientais, educacionais, policiais e de saúde, problemas
fiscais, econômicos e culturais, como a superpopulação, aborto, volência
doméstica, o abuso de poder, que afetam o meio urbano, ou seja, a cidade, que a fazem sofrer,
reagir ou se adaptar. Além disso, as pessoas são confrontadas pela perda da
consciencia cristã, e pela adesão, muitas vêzes inconsciente, a ideologias
malígnas. Basicamente esse é o ambiente em que a mensagem evangélica deve ser pregada.
É claro que as cidades hoje, sofrem mudanças radicais em sua estrutura,
adquiriram mais complexidade à sua estrutura urbana, os problemas são de outra
natureza, e por este motivo mais uma pergunta é suscitada: é necessário que se promova uma mudança prévia da estrutura da cidade,
para que nela possamos pregar o evangelho
hoje? Não necessariamente. Devemos crer que o Poder do Evangelho é o
componente espiritual de poder transformador que vai suscitar
tal mudança, pois dentro das cidades se encontram a Igreja e o Corpo de Cristo
como sal da Terra e luz do mundo. E tal estrutura também é transformada pelas
instituições sociais dentro do contexto urbano, assim como pela atuação dos
sistemas políticos e pela atuação de governos e instituições ligadas a ele. Mas,
é importante se observar, que o ser humano que vive nas cidades têm hoje,
potencialmente, a habilidade ou capacidade de levar dentro de si, e absorver
parte significativa de todos esses problemas, como expressão da influência que
o meio ambiente urbano exerce sobre si. É nesse ambiente que nós devemos pregar
o Evangelho de Jesus. Não podemos negar que a cidade é expressão da
subjetividade humana, como se ela manifestasse sua individualidade externizada
no contexto social e urbano. E quanto mais o homem peca, mais ele acrescenta à
cidade um componente novo de iniquidade, que altera sua estrutura, e além de
levá-la ao caos, pode destruí-la. (Ver a Destruição de Sodoma e Gomorra em
Genesis 19) O exemplo clássico disso foi a criação da primeira cidade fundada
na história, de acordo com o relato bíblico, em que Deus permite a Cain se
ausentar para a Terra de Node, carregando consigo sua marca de iniquidade, (o crime perpetrado contra seu próprio irmão) e
alí fundar a cidade com o nome de seu filho Enoch, para provar que a cidade é
em si a expressão da própria subjetividade orgânica e genética de Cain. Desta
forma o relato de Genesis 4 mostra como a descendência de Cain se evolve em
torno a pecados e crimes dentro da cidade, supostamente como expressão íntima
da sujetividade de seu fundador. Existem vários livros que suportam esta
tese, como o livro de Philip Sheldrake, “The Spiritual City: Theology,
Spirituality and the Urban”, onde o autor diz no seu epílogo que “Urban environments create a climate of
values that define how we understand and them seek to create human community”. (O
ambiente urbano cria um clima de valores que definem como nós entendemos e
então visualizamos criar a
comunidade humana).Neste caso também a recíproca é verdadeira. O ambiente urbano cria valores positivos e negativos. Já no século IV da Era Cristã, o teológo
Agostinho de Hippo, expressava esse mesmo tipo de idéias relativas ao contexto
urbano em seu livro “The City of God” . O livro é a expressão clássica do
triunfo do interior da cidade incansavelmente à procura do eterno preenchimento
das intenções divinas, sobre o cotidiano da vida da cidade. (Philip Sheldrake,
2014). Hoje nós entendemos que o
preenchimento dessas intenções divinas transformando as cidades, se dá a partir
da pregação do Evangelho de Jesus, no Evangelismo. Deus abriu espaço para a transformação íntima da vida urbana, através do trabalho evangelístico. De uma coisa estamos certos:
o homem não perdeu a noção de que dentro das cidades, as religiões existem e
que os governos também existem e muitas vêzes existem em conflito e emitindo
ideologias. Conflitos que se manifestam
não somente dentro das religiões e no contexto globalizado de outras religiões,
e que os governos também existem em conflito interno e externo. Apesar de todos
esses e outros conflitos, o Evangelho de Jesus precisa ser pregado, e levado a
todos os povos e nações.
Existe
uma série de livros e artigos escritos sobre o tema de como a cultura em que
vivemos afeta o que um grupo isolado ou coletivo, ligado ostensivamente ao
contexto social e urbano, faz e acredita. Assim como existem livros e artigos
sobre o tema de como o fator sociológico pode afetar o comportamento de uma
pessoa ou instituições. Ninguém pode negar que o homem é fruto do meio em que
vive. Ninguém pode negar também que a Biblia é um livro profundamente influente
hoje, como foi em todos os tempos, que influenciou a mente de milhões de leitores
através do mundo e continua influenciando o comportamento de quem lê suas
páginas e também faz parte da formação moral e sócio-cultural da civilização
(ocidental) em que vivemos. Isso dentro
de um contexto religioso referido à revelação dada pelo próprio Deus à toda a
humanidade. Mas, existem outros livros, ideologias e instituições que influenciaram
a mente humana, para uma outra diversidade contextual e comportamental de
ressonância negativa, que de alguma forma influenciaram a mente humana a seguir
as orientações negativas das palavras alinhadas acima, tais como, ocultismo,
perda de consciência moral, sincretismo, arrogância, etc. E isso
nós veremos a seguir na continuação do artigo 12 A.
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