PROCESSOS QUE
ENVOLVEM MISSÕES E EVANGELISMO – 11
A crescente oposição
ao Evangelismo através das forças negativas do secularismo e de ideologias
criadas pela mente humana. Satanás se utiliza da Filosofia para criar e lançar
suas próprias idéias no mundo. Fé e Razão.
Antes de tudo será preciso apresentar de modo
ainda sumário, o que significa secularismo.
Basicamente secularismo representa um princípio que se subdivide em duas
diferentes proposições: 1) diz que o Estado deve se manter afastado de
instituições religiosas. Em outras palavras, Igreja e Estado devem se manter
separados. 2) estabelece que pessoas de diferentes
influências religiosas, devem ter os mesmos direitos diante das leis do Estado.
(Mas, quem garante a manutenção destes
direitos é o próprio Estado, e portanto, o Estado controla e observa a garantia
dos direitos aplicados às religiões que Ele, se
propõe a manter sob seu próprio controle)
. De acordo com uma série de estudos avançados feitos por Harvey Cox (
ex-professor da Harvard Divinity School) e apresentados em livros, tais como “The
Secular City”, “Religion in The Secular City”,“The Secular City:
Secularization and Urbanization in Theological Perspective”, o autor define “secularização”
como a liberação do homem da influência da religião e da tutelagem da
metafísica. Ou a mudança de foco de sua atenção de outros “mundos”para este
mundo. E essa mudança de foco já se nos aparenta um tanto familiar, desde a influência
da filosofia imanentista grega na Atenas
do tempo de Paulo. Em outras palavras, o secularismo tem muito a ver com uma
influência indireta, subjetiva, do humanismo imanentista dos primórdios da
filosofia. Ou seja, o homem se libera de um pensamento metafísico, preocupado
com uma cosmo-visão religiosa da realidde, se afastando dela, e assumindo uma
posição humanista, individualisada, mais voltada para as coisas do próprio
século (ou século-visão) ou para esta presente idade (ou em Inglês, to this
present age.) Além disso, podemos afirmar que o secularismo traz em si um cheiro suspeitoso de ecumenismo. E isso deve ser rechaçado de nossa posição como cristãos. Podemos observar que também aí nesta nova visão do mundo os seres
humanos assumem também uma posição paradoxal, entre dois conceitos distintos,
tais como a oposição de dois conceitos quando afirmamos que “The Word became
flesh” ou “ The Logos became flesh”, de acordo com João 1:14. (Mas nós não vamos entrar nesta questão que
distingue estes dois conceitos aparentemente opostos ou paradoxais de mundus e
saeculum, da forma como gregos e hebreus viam e se distinguiam em sua forma de pensar, para não complicar muito
nosso estudo. Para maiores informações sobre isto, leiam o capítulo 1 de The Secular City, by Harvey Cox, e entenderação esta
contraposição.) No livro o autor se preocupa em se aprofundar neste estudo
distintivo, porque ele encontra traços de origem do secularismo dentro do
próprio legado Bíblico. E isto não desmerece de forma alguma a Palavra de Deus,
mas mostra como o próprio homem voluntariamente, escolhe optar por uma visão
secularizada da própria realidade. E
Esta visão secularizada que acontece também hoje no mundo, também
vai nos permitir avaliar e entender melhor, porque o mundo hoje ( o mundo
pós-moderno em que vivemos hoje ) tem buscado se afastar tanto de uma visão
metafísica da realidade, ou de uma visão religiosa da realidade, ou ainda de
uma visão transcendentalista da realidade, em troca por uma visão imanentista
da realidade. E esta visão secular/imanente assumida pelo ser humano hoje, que
busca se adaptar a todos ou quase todos os níveis da sociedade secular em que
vivemos, além de afastar o homem de uma busca subjetiva do próprio Deus em sua
interioridade, também vem criando um sério obstaculo à pregação do Evangelho de
Jesus Cristo, ou seja, ao evangelismo urbano em suas multifaces e
características. É o que veremos quando apresentarmos sumariamente um estudo
sobre o Marxismo (ou o pensamento Marxiano), sobre o Fascismo, sobre o Pensamento
de Gramsci, sobre o Existencialismo,(Sartre, Heidegger, Camus...) e mais recentemente sobre o pensamento do
Marxismo Cultural, principalmente representado pela Escola de Frankfurt, (Marcuse, Horkheimer, Adorno, Froom, etc.)Portanto, não são apenas pecados, imoralidade, corrupção, mas o assumir ideologias satânicas que levam ao homem ocidental, principalmente, a absorver tais ideologias, oculta-las em seu coração, como supostamente boas, mas criando a cegueira espiritual e o suporte inconsciente a Satanás dentro da "sinagoga" dos diabos. Para se ter uma idéia, até mesmo em igrejas cristãs, existe a influência velada do Marxismo cultural, hoje.
A dinâmica da história se desenrola hoje, assim
como foi no período que antecede ao florecimento do Cristianismo. O secularismo permanece como força de
opsição ao evangelismo, desde os primórdios da formação de uma consciência
moral religiosa, ainda no período Inter-Testamentário, em que um de seus
maiores articuladores foi Epicurus, que nasceu em 341BC. A filosofia continua a se sustentar como
força real no mundo contemporâneo, como também o foi no mundo dos primórdios do
evangelismo. E Paulo sabe do que estamos falando. Da mesma força como Paulo se
predispôs contra os judeus, revoltando-se contra sua posição intransigente e
obstinada oposição à pregação da Palavra de Deus ( para os quais Cristo veio ao
mundo ), os gentis entram então dentro da perspectiva da pregação do Evangelho,
(confira isto em Atos 18:6), como o povo
para o qual a mensagem evangelística deverá, então, ser direcionada. A bem da
verdade, os próprios judeus, ao rejeitar a Jesus Cristo, contribuiram, embora
negativamente, para o surgimento dessa força de oposição histórica, como
observamos ainda no período intertestamentário, com os Saduceus. Esta é pois,
uma das forças dinâmicas, dialéticas e paradoxais que moldam o mover da
história, e excitam o senhorio e a soberania de Deus a intervir e a criar
forças alternativas de controle, através do mover do Espírito na vida de seus
servos. O que significa dizer, que para Deus não existem barreiras impostas
pelo mundo, diga-se secularismo, que O impeçam de responder aos anseios
daqueles que clamam por sua intervenção, alternando as forças dinâmicas, quer
sejam malignas, quer sejam impostas pela própria influência histórica,
estabelecendo um novo curso, um novo direcionamento, para a vitória final que
está no próprio Jesus Cristo. Não podemos negar que Satanás interviu de modo
significativo na mente de grande parte dos judeus, convencendo-lhes a rejeitar
o Evangelho. Não negamos também que este remanescente judáico divergiu entre
forças de oposição ao Evangelho, sustentatadas pela intervenção maligna, e forças
favoráveis ao Evangelho, mantidas pela força e pelo poder do Espírito na mente
e no coração dos judeus que permaneceram fiéis a Jesus Cristo. Com os Saduceus foi diferente. Eles
representaram a força de oposição logo no início, como membros de uma
aristocracia de religiosos, a negar qualquer influência religiosa fora dos
limites do TORAH ( ou Pentateuco, os 5 livros bilbicos escritos por Moisés ) e
tudo aquilo que aparece depois, escritos fora destes limites, assim como
rejeitaram a ressurreição dos mortos, como um dos aspectos centrais da doutrina
cristã.(Cf. NIV. Commentaires, The Time
between the Testaments) Os Fariseus
também se impõem como força de rejeição ao Evangelho de Jesus. E forças de
oposição sempre existiram e existirão na história da humanidade, como respaldo
das forças de oposição criadas pela dialética do mal, em oposição ao próprio
Reino dos Céus. Com os Fariseus, não
foi diferente, como força de oposição ao Mestre, durante seu ministério
terrestre. Assim como os Saduceus radicalizaram sua influência sobre os
escritos fora dos limites do Torah, contra toda e qualquer influência religiosa
fora dele, os Fariseus criaram uma força racional de proteção ao judaísmo, ao
status quo judáico, uma força de contenção, como um muro restrito obstruindo
forças contrárias ao judaísmo, da forma como fizeram contra Paulo e como
fizeram contra o próprio Jesus, impedindo-os de terem acesso aos judeus. E isto
permanece até hoje. Se os judeus hoje, são tidos por separados, limitados e
restritos em sua doutrina, isto se deve a forças de oposição criadas tanto
pelos Saduceus, quanto pelos Fariseus. ( O Plano de Deus era o de permitir a
cristianização do judeu, como nação santa, povo escolhido para o propósito de
Deus no Reino dos Céus e desde o princípio). Isto certamente foi o que motivou
Paulo em suas viagens missionárias a divergir, a mudar o foco de seu
evangelismo, voltado então contra os judeus e favorável aos gentis. (Cf. Atos
18:6 e Romanos 9:6b). Alguns teólogos e historiadores chegam até mesmo a
afirmar que por influência dos Saduceus e dos Fariseus, os judeus dão mais
ênfase ao Talmud e ao Midrash da fé Judaica, do que a uma leitura interpretativa
e profunda centrada no Tanakh (ou Bíblia Judáica, com 24 livros ). (Para maiores detalhes sugerimos a leitura
de “Church History in Plain Language”, by Bruce L. Shelley, cap. 1, “ The age
of Jesus and the Apostles 6 BC. – AD 70, a série de livros de Will Durant, The
History of Civilization, ou ainda, The Early Church by Henry Chadwick e outros,).
Hoje, as forças de oposição na história são de
mesma natureza, mas apesar de uma dialética diversificada ( hoje não seguimos
mais o modelo dialético platònico/aristotélico, mas a dialética kantiano/hegeliana, sobre as
quais ainda falaremos ), seguem os mesmos padrões, essencialmente se predispondo
contra o Reino dos Céus, ou se opondo de alguma forma e com alguma força a algum
tipo de realidade histórica, ou político /social, ou filosófico/teológica. Foi
o que tentamos mostrar com a Filosfia, nos primórdios da formação do pensamento
filosófico grego, forças agindo na Filosofia, na mente dos primeiros filósofos
gregos, forças dinâmicas, interagindo dialeticamente contra as idéias humanas,
produzindo uma significativa oposição à mente racional humana, e criando
alternativas contrárias e negativas, como vimos no capítulo 10 desse estudo. Forças
que se opuseram à pregação do Evangelho de Jesus durante o tempo do evangelismo
paulino, forças contrárias à formação e ao florescimento da Igreja Primitiva
com Paulo e com o evangelismo apostólico
de modo geral. (cf. Atos 5:28) Como
seu propósito original, Satanás teve como intúito interferir na mente humana,
pela primeira vez, criando a maior de todas as rejeições ideológicas na mente
de Adão e Eva, perssuadindo-os a rejeitar e desobedecer a Deus, causando o
primeiro pecado contra a Lei de Deus. E isso é o que Satanás sabe fazer muito
bem: vender idéias, suas idéias, em oposição ao Reino dos Céus.
Assim como tais forças se manifestam contrárias
ao propósito original de Deus para o Reino dos Céus, elas se levantam também
contrárias à pregação do Evangelho hoje. O Evangelismo cristão como demanda
originária de Jesus para a Igreja Cristã, sofre desde o princípio, todo o tipo
de rejeição histórico/filosófica que o impede de avançar em seu propósito de
salvação da humanidade. O livro de Atos
mostra-nos várias referências em que tal oposição ao evangelismo se evidenciam,
e também situações de defesa clara favorável aos apóstolos, como vemos em Atos
5:34. Os apóstolos em repetidas ocasiões eram impedidos de falar em nome de
Jesus, ou rejeitados como evangelistas, como vemos em Atos 5:40.
Existe um paralelo muito claro e evidente entre
a oposição ao evangelismo dos tempos
apostólicos e o evangelismo de nossa era pós-moderna. Hoje a oposição é acima
de tudo cultural/ideológica no mundo
ocidental e assume carater de oposição político/religiosa com rigores de
violência no mundo Oriental. Com relação ao relacionamento entre Teologia e
Filosofia ou entre o Evangelho de Jesus Cisto e a exposição racional/imanente
do pensamento filosófico, o que pudemos observar é que houve um tempo em que
ambos os pensamentos (ou ambas as vertentes do pensamento humano, Teologia e
Filosofia) estiveram próximas de uma síntese significativa, ou de uma unidade
de raciocínio que poderia tê-las como caminhando próximas uma da outra, a tal
ponto de promoveram uma fusão em sua linha de raciocínio, que evidenciasse sua
unidade. É o que pudemos observar durante o período historico chamado de Escolástica,
previamente chamado de Patrística. Neste periodo que se extende por toda baixa
Idade Média, tem início praticamente desde o aparecimento de Santo Agostinho( para
os católicos) ou Agostinho de Hippo, (para os protestantes) no ano em que ele
nasceu em 354 AD. ( 354 da Era Cristã, ou Anno Domini, em latim, ou Ano do
Senhor ). Durante a Patrística houve realmente uma grande tentativa de se
conciliar ambos os pensamentos da Teologia e da Filosofia. Neste período Platão
era mais influente do que Aristóteles. Os pensadores e Teólogos desta época acharam
por bem trazer a razão do pensamento filósofico, ao auxílio do pensamento
Teológico. Ou seja, a razão auxiliando a Fé, ou a Revelação da Palavra de Deus
sendo auxiliada pelo pensamento filosófico. Para Agostinho a Fé ajudava a
Razão, assim como a razão auxiliava a Fé. Paulo
logrou esta conciliação quando pregou aos gregos do Areópago, falando sobre O Deus Desconhecido, o que traria
consistência ao pensamento filosofico grego, e faria a conciliação definitiva
entre a Revelação da Verdade Divina (na Teologia), com o pensamento filosofico/idolátrico,
platònico/imanentista de então. Mas como nós bem sabemos, tal conciliação não
foi possível, porque o Cristianismo, ou as estranhas idéias trazidas por Paulo
ao Areópago, não foram aceitas. Faltou aos gregos perseguirem a exposição
teológica da VERDADE conforme Paulo pregou, e tê-la aceito definitivamente. Pelo
contrário, tanto o Cristianismo quanto Paulo foram regeitados em Atenas, bem
como em toda a Grécia de seu tempo. Houve um período de certa confusão nesta
tentativa de fusão entre Razão e Revelação, e durante algum tempo o pendulo
oscilava entre razão e fé, misticismo, Cristianismo racionalista, humanismo
filosófico e Teologia Naturalista, até que por volta do século 13 AD., Tomás de
Aquino trouxe uma discussão teológico/filosófica mais voltada para o pensamento
racionalista Aristotélico. Tomás de
Aquino deu enfase à razão no sentido
de trazer elucidação ao pensamento revelado pela Palavra de Deus. Por esta razão o Racionalismo Aristotélico toma forma e se destaca em defesa aos dogmas
da fé cristã. Isto acontece num período já definido como Escolasticismo. A
Dialética Aristotélica é frequentemente usada por Tomás de Aquino para dar
relevância e provar o conhecimento dos mistérios sobrenaturais da fé. Havia,
então, uma espécie de conciliação sistemática entre fé e razão. Mas, com Tomás
de Aquino acontece o inesperado. Para ele, as duas ciências assumem um carater
distintivo e que portanto devem ser tratadas como tal. Tanto a Teologia quanto
a Filosofia devem assumir sua distinção como ciências que se
identificam separadamente. A partir de
então, houve uma separação não ainda definitiva entre Teologia e Filosofia, que
passam a ser aceitas dentro de uma concepção autônoma do pensamento
racionalista humano. Isto abre caminho para a Teologia Naturalista, para o
Humanismo Filosófico, etc., advindas dessa abertura concebida a partir da autonomia
proposta a ambas, por Tomás de Aquino. Houve então uma verdadeira avalanche no
pensamento filosófico/teológico humano e as duas ciências passam realmente a
florescer autonomamente, como ciencias distintas, separadas, e isto prevalece
até hoje. Algum tempo depois, com René Descartes, nasce definitivamente o primado do racionalismo
filosófico, com o racionalismo cartesiano, isto já em meados do século 17, ou
por volta do ano de 1630, quando o racionalismo assume uma postura definitiva.
Para Descarte a razão é a fonte mais elevada para o conhecimento ou
justificação. Com Descartes houve
definitivamnte uma separação entre Filosofia e Teologia. A Era Moderna do pensamento humano se inicia e a
Escolástica entra definitivamente em
declínio. É atribuída a Descartes a famosa frase COGITO ERGO SUM, ou Penso Logo
Existo, ou Raciocino, então existo. E isto se opõe radicalmente ao conceito
cristão de que O JUSTO VIVERÁ DA FÉ, e não somente da RAZÃO, como pensava
Descartes. Estas duas frases definem claramente o rumo tomado pelo pensamento
humano, com a RAZÂO, e o outro lado da reflexão humana com a FÉ que o leva a
justificar sua própria vida em Cristo.
O que prevalece hoje é essencialmente a
separação intelectual entre Filosofia e Teologia. As duas ciências caminham
lado a lado, dentro da história do pensamento humano, mas assumem carater
distintivo. Não se confudem, mas seguem por caminhos diferentes. E isto,
separarou definitivamente as duas maiores vertentes do pensamento humano, Fé e
Razão. Esta foi a nossa preocupação maior em falarmos sobre Filosofia caminhando
ao lado da Teologia, para que pudessemos entender melhor o que originou do
abandono secularizado que o pensamento humano impôs ao seu próprio destino histórico intelectual,
opondo-se radicalmente ao pensamento teológico da Igreja Cristã. No próximo capítulo deste estudo,vamos
apresentar algumas ideologias humanas que criaram a separação entre o
pensamento racional humanista, da sua opção pela FÉ em Jesus Cristo e pela
Palavra de Deus, o que criou uma cada vez maior separação entre Fé e razão.
Todos os apelos atuais da mente humana criados contrariamente à Fé em Jesus Cristo, representaram uma séria
oposição ao Evangelismo, que vão criar sérios obstáculos e bloqueios à pregação da Mensagem Evangelística no mundo atual.
No comments:
Post a Comment