Sunday, June 28, 2015

PROCESOS QUE ENVOLVEM MISSÕES E EVANGELISMO – 9
Cultura secular intelectualista e a incultura humana. Responsabilidade profética das Epístolas Paulinas para o Evangelismo.

Dentro do caráter profético e teológico dos escritos epistolares paulinos, nós podemos afirmar sem sombra de dúvidas, que Paulo não fundou a igreja de Roma e que portanto, Paulo não é o responsável direto pelos rumos que a Igreja Romana tomou na história eclesiástica da Igreja Cristã. A julgar pela análise profunda e teológica da Epístola aos Romanos, podemos perceber isso claramente. É evidente que se afirme também, que Paulo não foi o responsável direto pelas projeções estabelecidas em sua dinâmica histórica pela igrejas fundadas por ele.  Porque as intenções do gênio, ou do espírito humano, são imprevisíveis, a julgar pelas advertências originais alertadas pelo próprio Apóstolo Paulo quando escreveu e enviou suas demais epístolas às outras igrejas por ele fundadas. Mas, de uma coisa estamos seguros em referência à epístola aos Romanos. Paulo jamais pretendeu obstruir o entendimento do paradoxo cristão na mente dos cristãos de Roma, a julgar por toda a orientação profundamente espiritual/teológica estabelecida por ele na epístola aos Romanos, a mais profunda teologicamente, e pela orientação teológica que ele nos transmite, registrada biblicamente no livro de Atos dos Apóstolos. Em Romanos 9:6b Paulo diz que “For not all who are descended from Israel are Israel” (NIV), ou seja, “Nem todos os que são descendentes de Israel, são Israel”, numa clara alusão de que nem todos os que seguiram sua orientação apostólica epistolar espiritual e Cristã, podem ser considerados seus seguidores ou de seus escritos biblicos, orientados espiritualmente à luz da fé cristã. Isso nos permite concluir, o que seria de Paulo se soubesse das orientações doutrinárias seguidas ao longo da história da Igreja Cristã, pela igreja de Roma atual? Deus certamente o poupou da responsabilidade profética que pesou sobre as igrejas tanto as fundadas por ele, quanto as que ele não fundou.
 (Um dos relatos dos problemas enfrentados por Paulo em Corinto, estão descritos no livro de Atos dos póstolos 18:6, quando em companhia de Silas e Timóteo, Paulo se entregou à pregação do evangelho aos judeus, e lá Paulo enfrentou uma séria oposição  que o levou a se predispor severamente contra os judeus incrédulos, agitar suas vestimentas raivosamente e a declarar que “Your blood be on your own heads! I am clear of my responsability. From now on I will go to the Gentiles.” ( “O seu sangue esteja sobre vossas cabeças! Eu me disfaço de minhas responsabilidades. De agora em diante irei aos gentis!”)  Isso mostram as dificuldades enfrentadas por Paulo com os judeus  em seu carater teimoso e repulsivo e o cenário do momentum histórico da época em que Paulo pregava o evangelho. Além disso mostra o desvio na dinâmica evangelística assumida por ele, ao declarar-se favoravel aos gentis. )
  E este, o desvio teológico e doutrinário assumido por muitas igrejas atuais, revelam de modo geral, os caminhos assumidos pelas igrejas cristãs, à revelia de uma profunda interpretação profética dos escritos paulinos. Tal foi o cuidado que Paulo manifestou ao escrever suas epístolas, seguramente todas elas escritas sob orientação do Espírito Santo, e tal deve ser o cuidado de nosso evangelismo hoje como em todos os tempos. Nós precisamos estar acima de tudo sendo orientados espiritualmente pelo Espírito Santo de Jesus, ao saírmos ao campo evangelístico e missionário. E além disso, precisamos nos lembrar sempre que o mestre orientador de Paulo de Tarso se chama JESUS CRISTO, o Filho do Deus Altíssimo, a VERDADE absoluta de DEUS PAI. E tudo isto acontecendo apesar de problemas enfrentados por Paulo em suas missões evangelísticas, o que não nos impede de buscar a mesma orientação.     
A cultura de cada país e de cada cidade em todo o seu aglomerado urbano e político, molda as cidades e produz diferentes componentes sócio/culturais, que certamente influenciam seus cidadãos, transformam suas aspirações pessoais, suas alternativas e opções religiosas, e seu comportamento, relativamente ao espaço cultural urbano criado, que passa a ser moldado historicamente e se perpetua através do tempo. Um exemplo disso vemos na Grécia do tempo de Paulo, em cidades como Corinto e Atenas, estrutural e cultualmente diferentes, em função de sua tradição cultural, social e religiosa. Enquanto Atenas era acima de tudo uma cidade universitária com um forte apelo intelectualista, onde a filosofia se tornou tradicionalmente uma tendência cultural fortemente enraizada por sua tradição, herdada pela herança trazida por seus filósofos, Corinto era uma das mais influentes cidades da Grecia, politica e comercialmente, o que não descartava sua característica como cidade também culturalmente influente na filosfia, com um povo interessado na cultura filosófica grega, e também na idolatria religiosa de seus doze templos, cada um dedicado a diferenes deuses ou deusas da mitologia grega. E um de seus templos mais influentes era o dedicado à deusa Afrodite, construído numa região elevada da geografia da cidade, onde seus frequentadores praticavam a prostituição religiosa, cuja importância para os corintos, transformou a cidade numa espécie de meca do paganismo, da idolatria e da imoralidade sexual, em cujo templo existiam cerca de mil prostitutas, chamadas de sacerdotisas, habitando suas dependências. Além desse templo, existiam ainda os dedicados a Apolo, a Asclépios, o deus da cura, e outros. Na cidade de Corinto, Paulo escreveu duas de suas epístolas ( 1 e 2 Corintios ) numa cidade grandemente secularizada e cosmopolita. A sua 1ª Carta aos Corintios reflete a dificuldade que Paulo teve em manter uma comunidade cristã dentro de seus limites fortemente secularizados. Na época em que Paulo esteve em Corinto, a cidade já havia sido reconstruída por Julius Ceasar (o Império Romano era ainda a força geopolítica reinante) que lhe restituiu suas característica culturais e arquitetônicas, restaurando-lhe também sua tradição helenística no ensino, mas também no culto pagão, na idolatria, e na imoralidade sexual. Para a cidade foram atraídos italianos, gregos, assírios, egípcios, e escravos livres da judéia e outras regióes da Galácia, da Macedônia (como Silas e Timóteo), da Fenícia, etc.  É evidente que em todas essas carcterísticas sócio/culturais, existe uma forte semelhança entre a cultura de nossos antepassados no que vemos hoje, em nossas cidades e áreas urbanas. Portanto, o que vemos hoje, não é novidade a julgar pela deterioração da cultura humana de modo geral. O que Paulo viu, sofreu e enfrentou em Corinto, em Atenas e em outras cidades, durante suas viagens evangelísticos/missionárias, certamente os evangelistas dos dias atuais também enfrentariam, veriam e sofreriam ao pregar o mesmo Evangelho de Jesus Cristo. Hoje nós vemos cidades com mesmas carcaterísticas sócio/culturais, onde também predominam o secularismo e suas vertentes de idolatria, perversão sexual, imoralidade, paganismo, materialismo, corrupção, miscigenação cultural e toda a sorte de pecados e crimes que identificam a história do passado, com a história dos tempos pós-modernos. No ambiente semelhante ao que Paulo viveu, nós também estamos vivendo e não podemos esperar uma mudança imediata e significativa, apesar de todo o esforço das igrejas cristãs e do evangelismo sendo pregado. Mas, assim como Paulo insistiu e não se intimidou com a cultura secular de seu tempo, assim devemos fazer, e todos aqueles que se propõem a pregar o evangelho de Jesus Cristo em bases urbanas idênticas, enfrentando também toda a sorte de problemas e perigos. Não foram apenas os problemas culturais e religiosos os enfrentados por Paulo. Toda a sorte de problemas políticos tambem existiram. Paulo não esteve em Roma apenas por questões de logística ou por falta de condições financeiras. Alguns fatores politicos quase o impediram de ir para lá. O livro de Atos dos Apóstolos faz o relato de expulsões de Judeus de Roma por volta de 19 A.D., quando por ocasião de um edito de Tiberius, milhares de judeus foram expulsos de lá, e tiveram que enfrentar éditos e decisões posteriores prescritas por Caius, que empreendeu severa perseguição desde o início de seu reinado. Com a morte de Caius, seu sucessor, o imperador Claudius, restaurou para os judeus um tempo de alguma  liberdade religiosa e os direitos que eles tinham adquiridos anteriormente. Isto por volta de 41 A.D., quando Claudius assinou um édito de tolerância em benefício dos judeus, apesar de medidas repressivas terem prevalecido. O livro de Atos dos Apóstolos faz o relato em 18:1, afirmando que por causa do edito de Claudius, todos os judeus (certamente cristãos) foram expulsos de Roma, apesar de um remanescente ter permanecido.  Por esta época, o Evangelho de Jesus já havia aparecido na história da comunidade judáica de Roma, não antes de terem sofrido expulsões e terem sido proibidos de se reunirem em público, certamente em função do florescimento da igreja cristã em Roma e na época em Paulo lá esteve ( cf. Atos dos Apóstolos cap. 28 ). Numa dessas expulsões alguns judeus-cristãos foram para Corinto, na Grécia, ocasião em que Paulo se encontrou com Áquila e Priscila, com quem permaneceu e trabalhou durante algum tempo, antes de sua viagem à capital do Império.( Cf. "Early History of The Christian Church - volume I, From its foundation to the End of the Third Century", by Louis Duchesne e muitos outros.)

Mas da mesma forma como Paulo enfrentou violência juntamente com cristãos martirizados e subjulgados por perseguições, leis e éditos injustos, assim também hoje existe similaridade com o que ocorreu no passado com os cristãos. Hoje vemos cristãos sendo perseguidos na África, por grupos fundmentalistas  radicais islâmicos, bem como na Ásia, ao sofrerem perseguição e violência de morte. Mas, também vemos, simultaneamente, muita intolerância não-violenta acontecendo nos países ocidentais,(o que não era tão comum na época de Paulo) que se manifesta da seguinte forma: hoje existem ideologias que por si só criaram uma oposição branca, não violenta, que introduziram uma aversão ao cristianismo através de outro método represssivo, não-violento, porém cultural. Hoje é mais fácil sermos confrontados culturalmente no mundo ocidental, por uma cultura secularizada, neo-ateísta, pragmática e essencialmente materialista e irracional, do que sermos confrontados por um apelo meramente agressivo e violento. E esse confronto, atinge diretamente as forças de oposição sustentadas pelo Evangelho de Jesus, enquanto o mundo avança na direção de sua própria destruição moral e religiosa. Hoje é a chamada revolução cultural que se opõe ao cristianismo, ou aos tres pilares da civilização ocidental, ( a Moral ou ética judaco-cristã, a filosofia grega e o direito romano ) impondo-lhe suas próprias ideologias e sua dialética de destruição cultural. E na base dessa dialética de destruição está o secularismo e a ideologia do Marxismo Cultural, que impõe severas restrições não só à estrutura estabelecida ( ao status quo ) da cultura religiosa ocidental, mas à mente de milhares e milhares de pessoas, jovens, adultos e adolescentes, que muitas vezes, sem o saberem, respiram, vivem e absorveram tal influencia ideológica. E este fenomeno cultural revolucionário, é o que atualmente cria problemas e impede o avanço do evangelismo da igreja cristã no cenário cultural e urbano. O pensamento cristão, o evangelismo cristão, se encontra hoje profundamente confrontado e sabotado por uma ideologia irracional, imanentista e neo-marxista, que tem por intúito principal, a destruição da influência do cristianismo no mundo ocidental, e em todo o mundo, de modo geral. E dentro deste cenário de confronto cultural, nós, como evangelistas precisamos conhecer a quem estaremos levando a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo, e por que tipo de cultura seremos confrontados, para que a mensagem evangelista possa recorrer dos frutos imediatos da mensagem cristã, os frutos do evangelismo.  Hoje como no passado, os cristãos são as vítimas da opressão sócio/cultural da sociedade secular, imposta por inimigos culturais, e isto não quer dizer que nós devamos conhecê-los para discriminá-los. Jesus nos ensina a pregar o evangelho a toda a criatura, indiscriminadamente. Conhecer nossos inimigos humanos, não significa que devamos excluí-los, ou impedi-los de ouvir a mensagem do evangelho. Conhecer nossos inimigos, significa conhecê-los para salvá-los. O Pastor Coty, em uma de suas alocuções diz que “andar com Jesus hoje,(como no passado) implica em entrarmos numa Rota de Colisão” com o mundo secular, e com a própria ameaça satânica. E o secularismo, segundo Harvey Cox, não representa uma força de oposição e desestimulo ao método cristão de evangelisar, mas abre portas a novas oportunidades para que  nós evangelistas, nos fortaleçamos e criemos novos métodos alternativos e contextualizados de pregação do Evangelho de Jesus Cristo. É o que veremos a seguir. ( Cf. op.cit. " The Secular City", by Harvey Cox.) 

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