A PERSPECTIVA PAULINA. PAULO PREGA EM LISTRA, NO CAMPO DE MARTE E EM ROMANOS.
Nós
iremos retirar do apóstolo Paulo, basicamente do livro de Romanos, exemplos de
sua aproximação`a questão ligada ao tipo de homem ou de mulher, para quem ele, Paulo, pregou em
seu ministério apostólico aqui na Terra. Naquela época, Paulo teve obviamente
que se referir a cada um dos diferentes perfis de pessoas, diante de si, quando
tinha por objetivo pregar a Mensagem do Reino dos Céus. E isto fazia parte de
seu entendimento do que evangelismo e missões significavam. Para assim fazer,
Paulo certamente tinha que conhecer a quem ele pregava. E de acordo com o livro de Romanos, 1:18 a
2:16 ( e também com o livro de Atos 14:15-17, a que nos referiremos a seguir)
Paulo tinha por pré-requisito, reconhecer pelo menos dois tipos básicos de
“personagens” para os quais a mensagem deveria ser pregada. E isto esta
definido em Romanos. Quais eram tais
personagens? Eram eles, aqueles que conheciam a Palavra de Deus ( notadamente o
Velho Testamento ) e aqueles que não conheciam o Velho Testamento, ou a Palavra
de Deus conhecida até então. É evidente que a partir daí existem envolvidos no
processo, ou incluídos “subentendidamente”, outros personagens definidos por
sua aproximação ao conhecimento mais preciso ou menos preciso da Palavra de
Deus. Tais eram aqueles que ouviram ou não falar sobre a pessoa de Jesus
Cristo, aqueles que tiveram algum tipo de informação e experiência provenientes
do Antigo Testamento, ou do Novo Testamento ainda em formação a partir da
incipiente propagação oral da mensagem do Evangelho. Portanto, havia, sim,
diferentes personagens que estavam realisticamente envolvidos com algum tipo de
conhecimento prévio da Palavra ou da Pessoa de Jesus Cristo, realisticamente ou
sub-repticiamente envolvidos. E tais personagens eram incluídos dentro daquele
modelo mais generalizado de personagens. Paulo, portanto, sabia antecipadamente,
por conhecimento prévio, ou por instrução espiritual, a quem iria pregar. Para
ele haviam definidos dois tipos básicos, genéricos, de sujeitos de sua
pregação. O Homem ou a mulher que conheciam a Bíblia e o homem e a mulher que
não conheciam a Bíblia. E no meio desses dois tipos básicos de personagens, obviamente,
havia aqueles que tinham ou não, conheciam ou não a mensagem da Boa Nova do
Reino, de modo não profundo, ou superficial. E isto vai nos definir claramente
como também devemos fazer quando iniciamos este processo de evangelismo e
missões, no que se refere às pessoas sujeitos de nosso evangelismo ou missões.
Vamos
analisar agora o que nos diz o livro de Romanos em relação a isto. No primeiro
artigo desta série, nós falávamos de uma aproximação baseada no conhecimento e nas
experiências de missionários, evangelistas, estudiosos do assunto, teólogos e scholars
que fizeram evangelismo e missões, e que posteriormente, mediante uma
experiência acumulada, e benefícios provenientes dessas experiências,
escreveram sobre o assunto, naquilo em que foram bem sucedidos ou mal
sucedidos, com diferentes personagens. Demos também alguns exemplos práticos de
aproximação (ou abordagem) ao assunto. Hoje em dia também podemos afirmar que
existem diferentes níveis de personagens como no tempo de Paulo, mas, com uma
diferença. A diversidade cultural hoje é bem mais ampla, a complexidade social
é substancialmente maior, mas os pecados podem ser definidos como de mesmo
nível e até certo ponto bem mais complexos do que no passado.
A
metodologia proposta por Paulo em suas epístolas e nos livros bíblicos cujo
tema seja relacionado, principalmente como já foi mencionado anteriormente, nas
epístolas paulinas, (mas principalmente em Romanos) e no livro de Atos dos
Apóstolos, será considerada o modelo padrão, que deveremos utilizar em nossos
objetivos missionários e evangelísticos, porque tal modelo paulino, será tido
como o modelo extraído da Palavra de Deus, ou modelo original e desta forma,
orientado e inspirado por Deus. (Francis A. Schaeffer in “Death in The
City”, page 105, afirma que é em Romanos “that God gives us the method of
preaching to our generation…”). A partir daí Teólogos, Scholars,
Missionários, Evangelistas, leigos e escritores evangélicos retiram ou
retirarão o padrão paradigmático para sua orientação, trabalho e estudos dentro
do tema. Isto não quer dizer que devamos negar ou anular que no Antigo
Testamento, homens chamados por Deus para servi-Lo, não tenham se utilizado de
modelos missionários para atuar em suas missões proféticas, ou patrísticas, ou
salmísticas, de alguma forma, criando e se utilizando de modelos
veterotestamentários, válidos em toda a Palavra de Deus. Queremos dizer com
isto que o modelo missionário paulino, não detém exclusividade como único
modelo paradigmático, apesar de ser entendido e aceito como o modelo mais
apropriado em missões, desde que Paulo, - pela dimensão de seu trabalho
missionário - é tido como o missionário evangelístico padrão em toda a Bíblia. Sabemos
também que hoje em dia existem modelos mais amplos que se utilizam de maiores
recursos, como o tele-evangelismo, e outros. Mas, de que forma Paulo começa a nos expor tal
metodologia, é o que veremos a seguir.
O
livro de Romanos 1:18 a 2:16 nos mostra grande parte da metodologia
evangelística utilizada por Paulo em seu
trabalho missionário. Evangelística, porque ele aprendeu com o Evangelho de
Jesus, ou mais especificamente com o “Ide” pregado por Jesus na Grande Comissão,
e com O Antigo Testamento também, porque Paulo foi estudioso do Antigo
Testamento. E missionária porque Paulo nos mostra o modelo bíblico
paradigmático. E Paulo faz distinção primeiramente ao se dirigir ao homem
comum, ou àquele que não conhecia a Palavra de Deus até então escrita, conforme
vemos em Romanos 2 verso 3: “So when you, a mere man, pass judgement on them
and yet do the same things, do you think you will escape God’s judgement?”. (NIV.
Study Bible)“ Mere man “ no texto em Inglês significa o homem comum, simples,
ou os gentios, desde que os principais recipientes da pregação paulina em
Romanos foram os gentios. Isso também quer dizer que Paulo não faz distinção
única, exclusiva, de “mero homem” referindo-se apenas aos gentios, mas acima de
tudo ao grego comum, ou a todo aquele que compõe o cenário histórico/social de
seu tempo, respeitando as limitações a que foi sujeito em seu ministério
evangelístico. Em seu livro “Death in
The City”, Francis A. Schaeffer criou a expressão “Homem sem a Bíblia”, para se
referir essencialmente ao povo grego. (cf. “ Death in The City” pg., 105, by
Francis A. Schaeffer, 2002) Mas tal referencia ao grego não é tida com
exclusividade no evangelismo paulino, dede que Paulo também se refere a outros
indivíduos que também desconheciam a Palavra de Deus ( O Antigo Testamento ) ao
pregar o Evangelho de Jesus, como vemos em Atos 17:21. “All the
Athenians and the foreigners who lived there spent their time doing nothing…” Ao pregar aos Atenienses, Paulo
certamente encontrou uma variedade de povos estrangeiros entre os gregos e no
meio deles, alguns que obviamente não teriam ouvido sequer falar sobre o AT.,
ou sobre a pessoa de Jesus Cristo. Alguns
estudiosos e scholars afirmam, no entanto, que Paulo primeiramente pregou o
Evangelho ao “homem sem a Bíblia” em Listra, - conforme vemos em Atos 14:15-17,
- uma colônia do Império Romano a Noroeste do Mediterrâneo, numa região hoje
conhecida por Turquia. Em Atos 17:16-32, Lucas registra a segunda ocasião em que
Paulo prega ao “homem sem a Bíblia”, ainda em Atenas, no Areópago Ateniense. Há muita semelhança no ambiente histórico
social da Bíblia com o panorama histórico atual. O Intelectualismo visualizado
por Paulo em Atenas, o agnosticismo de muitos homens sem Bíblia de seu tempo, a
opressão sofrida pelos que pregam o evangelho de Jesus em confronto com as
falsas doutrinas religiosas do paganismo, do neo-ateismo e da religiosidade fundamentalista do
mundo atual, colocam os dois ambientes em paridade surpreendente. E Paulo foi o
primeiro a nos mostrar este confronto real e paradoxal. E em tudo Paulo nos
mostra o caminho ao verdadeiro evangelismo cristão.
Em terceiro lugar, identificamos o apóstolo Paulo
se dirigindo aos “homens sem Bíblia” no livro de Romanos 1:18-2:16, livro
escrito para a Igreja de Roma, onde predominavam os Gentios e também alguns
Judeus. O próprio termo Gentios significa uma generalização referida a todos os
povos à exceção dos Judeus. Portanto, podemos antecipar que existia uma
multiplicidade de povos agregados sob um mesmo termo “Gentios” e que isto
representa a soma de um grande numero de povos, que em determinado contexto
histórico/social, escondia uma multiplicidade realmente complexa de povos,
línguas e nações, todos agrupados sob esta denominação comum. Sendo assim é muito
mais provável encontrarmos “homens sem a Bíblia” entre os Gentios do que entre
os judeus. Portanto, observe que o campo missionário esta amplamente aberto
para a pregação evangelística principalmente aos “gentios” ou ao não-judeu, que
compõe o “grosso” da população em que vivemos. Há entretanto, campo missionário
suficiente para o evangelismo entre aqueles conhecidos como “homens sem a
Biblia”, porque este é o campo ao qual devemos nos dirigir essencialmente, para
cumprimento das promessas de Jesus na Palavra. Quanto aos judeus, temos certeza
que Deus esta tratando com eles, da mesma forma como tem tratado pelo menos nos
últimos três mil anos.
Definidos
os três diferentes momentos em que Paulo pregou aos “homens sem a Bíblia”, na
Bíblia, agora será mais fácil determinar sua metodologia em sua missão
evangelística.
1). O
que ocorreu em Listra relativamente ao Evangelismo Paulino: (cf. Atos
14:15-17).
Em
Listra Paulo operou milagres da parte do Senhor Jesus e juntamente com Barnabás,
foram ovacionados como deuses pagãos. Paulo se tornaria Hermes e Barnabás,
Zeus, tamanha era a idolatria a deuses pagãos na cidade. Mas, indignados com
sua performance, os judeus tramaram contra eles e Paulo acabou sendo apedrejado
e atirado para fora da cidade como morto. Mas, como por milagre Paulo se
recuperou e junto a Barnabás, no dia seguinte seguiram viagem para Derbe. É
importante observar que através do poder do Espírito Santo, Paulo operou
milagres numa cidade pagã, violenta, mas onde se encontrou com Timóteo em sua
primeira viagem missionária à cidade, convidando-o a participar em seu
evangelismo. Isto quer dizer que no meio do joio urbano, Deus prepara o trigo a
ser alcançado. Observa-se também que, na cidade de Listra havia uma certa
promiscuidade religioso-sócio-cultural entre Judeus, Cristãos e Gregos, razão
pela qual os pais de Timóteo eram, o pai, grego e a mãe Judeu-cristã. Paulo
circuncisou Timóteo esperando que com isso, não houvesse desvantagem em seu
trabalho com os Judeus, numa espécie de ardil que facilitasse seu trabalho,
evitando a desconfiança dos judeus não convertidos ao Cristianismo. Dois
eventos de importância a serem observados em Listra: 1) o milagre operado por
Paulo em um manco, e posteriormente sua pronta recuperação do apedrejamento, o
que mostra a operação da graça e do poder divinos em benefício de Paulo. 2)
Paulo se utiliza de um ardil circuncisando Timóteo, o que demonstrou que a
circuncisão lhe servira apenas como mero argumento ardiloso, facilitando a vida
missionária de Timóteo entre os judeus, em sua missão ao lado de Paulo. Tais eventos
trazem á tona a evidencia de que os cenários religioso-sócio-culturais de
Listra são comparados contextualizadamente ao ambiente (ou milieu ) religioso-sócio-cultural
das cidades atuais, ou até mesmo de países do contexto histórico atual, com seu
aglomerado urbano, miscigenado, com diversidade de línguas, tribos e nações, e
sua tendência generalizada à violência e à impunidade criminosa. Ao pregar o
Evangelho em Listra, Paulo sofreu a rejeição e a violência de seus habitantes,
da mesma forma como hoje poderíamos estar sujeitos a tal rejeição, indiferença
e violência em nossas cidades. Podemos certamente esperar a mesma reação contra
o evangelismo.
2). O que ocorreu em
Mars Hill, ou no Areópago Ateniense relativamente ao evangelismo Paulino: (cf.
Atos 17:16-32).
Vamos abrir aqui um parênteses para explicar o
que significa Mars Hill. Mars Hill é o nome romano para uma colina em Atenas,
Grécia, chamada de Colina de Ares do Areópago (cf. Atos 17:19,22). Ares era o
deus grego da guerra e do trovão, e de acordo com a mitologia grega, esta
colina era o lugar onde Ares mantinha ou realizava julgamentos defronte a
outros deuses, pelo assassinato de Alirrotios, filho de Poseidon. O equivalente de Ares em Roma chamava-se
Mars, ou Marte, daí o nome Colina de Marte, ou Campo de Marte ou Mars Hill, em Ingles. ( Continua ).
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