Tuesday, January 28, 2025

 

A DINÂMICA DO PERDÃO - 18 

Nessa frase Paulo sintetiza a dimensão do conflito vivido pelos seres humanos ao se confrontarem com sua natureza pecaminosa: “ Porque eu não faço o bem que eu quero fazer, mas o mal que eu não quero fazer, esse eu continuo fazendo”.  Ao analisarmos o significado mais profundo dessa declaração, nós encontramos os seguintes pontos controvertidos:  1 – Alguma coisa nos impede de fazer o bem, uma força espiritual agindo contrariamente  ao bem e impedindo-nos de fazê-lo; 2 – o mal, no entanto, parece exercer sobre nossa mente uma foça maior que nos leva a cometê-lo, como se nos incitasse a agir em sua direção e nos forçasse a optar por ele; 3 – continuar a praticar o mal incide diretamente sobre nossa vontade, que não é soberana, mas sofre o impacto destrutivo de toda influência maligna sobre o nosso ser;  4 – Paulo parece afirmar com convicção a existência de uma força maligna cujo poder parece maior do que seu poder de escolha e decisão.

       Mas, apesar de toda a sua força maligna impactante sobre nossa mente, haverá espaço para decisões voltadas somente para o bem, traduzidas pelo continuar, pelo avançar diário de nossas expectativas rumo a opções positivas e centradas no poder de Deus. Tais decisões ocorrem mesmo na presença do mal, ou quando caminhamos pelo vale de sombra da morte, (Salmos 23) que, na verdade, identifica o mundo em que vivemos, onde aflições sempre existirão, erros, pecados, problemas, sempre nos acompanharão, a julgar por todos  os fracassos e quedas provenientes do pecado. Nós, no entanbto, não vivemos somente dentro da aura de destruição e morte causados pelo mal que nos acompanha, em função da força da graça de Deus que também nos acompanha, cujo expectro é inerentemente mais poderoso do que a incidência do mal. Temos a opção do poder de escolha, que nos apresenta apenas duas opções de poder; temos ainda o poder da nossa vontade que representa o marco inicial de força íntima, a nos orientar e abrir um leque de opções positivas rumo a decisões acertadas, confrontando-nos com a incidência do mal. E temos também, a opção de escolha por Jesus Cristo, e pelo Espírito, em quem existem sempre vitórias, que nos impedem de duvidar da força espiritual que reside neles, como única opção de vitória. A graça de Deus trabalha em nós continuamente, dando-nos desejo e poder para fazer aquilo que O agrada". (Cf. Filipoenses 2:13) 

 

Friday, January 24, 2025

 CAP. 3

A DINÂMICA DO PERDÃO – 17

                Schaeffer analisa a questão ligada à liberdade de escolha dos seres humanos em seus componentes culturais, como já mencionamos e como veremos a seguir. Porque, na verdade, está mais evidente na cultura perceber onde produzimos um desvio cognitivo (ou desvio epistemológico), que muitas vezes nos enganam com suas propostas tentadoras. Em outras palavras, Deus nos oferece a melhor opção de escolha, ou a escolha pelo bem, como dádivas de sua graça infinita. Nós, no entanto, não nos sentimos atraídos pelas propostas que Deus nos oferece, e acabamos por definir o que realmente queremos dentro de uma perspectiva de liberdade e autonomia, que nos satisfazem, ou satisfazem nosso ego, mas rejeitam o melhor que Deus tem para nos oferecer. Exemplo típico e original dessa rejeição, que opta por escolher o que achamos ser livre e autônomo à nossa satisfação pessoal, é a rejeição que seu povo escolhido fez contra Deus e contra a pessoa de Jesus Cristo.  E toda rejeição acaba se tornando, em síntese, uma rejeição à vontade soberana de Deus. Vemos registrado na Bíblia, o que significou a rejeição de Cristo, no evangelho de João, capítulo 1, verso 11:  “ He came to his own people, and even they rejected him.”  Jesus é o bem supremo de Deus enviado para nossa salvação eterna. Em outras palavras, Jesus, o bem absoluto da graça de Deus oferecido gratuitamente por ele, foi rejeitado por seu povo, como ainda continua sendo rejeitado. Esse é o desvio cognitivo que os seres humanos acolhem em sua liberdade e autonomia, e continuam rejeitando incoscientmente, através de sua história. Nós vemos isso de modo bem claro no livro de Schaeffer, quando ele nos induz a entender onde tais desvios ocorreram historicamente, dentro da arte em primeiro lugar, de modo sutil e quase imperceptível. E dentro de cada atitude humana através da história. O acúmulo de decisões erradas decididas pelos seres humanos, promovem o desvio do bem que Deus nos oferece. E de erro em erro, decisões erradas sobre decisões erradas, nós vamos cavando nosso próprio destino de infelicidades, decepções, e frustraçãoes.  Mesmo as decisões que nós tomamos, com aparência de bem, nos trarão sérios problemas, se as decidimos com liberdade e autonomia, longe da vontade divina. Paulo se refere a tal situação ao mencionar o conflito interno de sua alma com o pecado, quando afirma em Romanos 7:19, o seguinte: “For I do not do the good i want to do, but the evil i do not want to do, this i keep on doing”.   A causa de todo esse conflito, é sem dúvida o pecado que habita em nós. E tal pecado caracteriza nossa natureza humana.   

Saturday, January 18, 2025

A DINÂMICA DO PERDÃO – 16

 

      De alguma forma é importante sabermos definir com clareza o que Deus nos oferece em suas dádivas gratúitas, para que possamos escolher com sabedoria aquilo que nos é oferecido por ele, dentro dos parâmetros do poder de escolha. Schaeffer nos mostra isso em seu livro: o confronto diário de opções que nos é oferecido e nos impacta no dia-a-dia, o que nos permite avaliar nossa realidade dentro do contexto de nossas múltiplas opções, a tal ponto que nossa liberdade de escolha não nos prive de agir com liberdade e autonomia, sem nos desfavorecer em nossas opções. Inquestionavelmente, tal é o paradigma proposto em nossa vida, qual seja, saber escolher entre bem e mal, entre Graça e Natureza. Originalmente, a opção definida por Adão e Eva, de modo mais simples, girou em torno do poder de escolha baseado em optar pela Graça de Deus e a natureza que os circundava no Éden. Ou Deus ou a maçã, ou obedecer ou desobedecer. Ou a vida eterna, ou morrer e possivelmente entrar na opção da morte eterna. E em cada uma de tais opções, havia um poder extraordinário que lhes era oferecido. E continua existindo. É conveniente entendermos que natureza humana não é o mal que nos persegue no dia-a-dia. Mas ela atua como um componente de opção que nos foi oferecido desde o princípio da criação e nos acompanha sempre, incondicionalmente.  Outros paradigmas oferecidos por Deus são: a própria Palavra de Deus, a pessoa de Jesus Cristo ( que somente fez opções certas ), as leis humanas que quase sempre nos conduzem a decisões acertadas, a graça de Deus aplicada ao poder-de-escolha. O perdão de Deus também deve ser visto como um paradigma oferecido por Ele, para que possamos ser inseridos novamente dentro do entorno de sua graça, quando optamos erradamente. Ao regeitarmos  as dádivas do amor de Deus em sua graça, nós, necessariamente optamos pelas escolhas, ou pela escolha que nós mesmos nos oferecemos dentro da perspectiva do poder-de-escolha. Deus nos oferece a opção pela escolha de seu filho Jesus, como opção de sua graça e de seu amor infinitos, para a nossa redenção e salvação. A proposta de Schaeffer está voltada e centrada mais especificamente nas opções da cultura humana, na arte, na teologia, na filosofia e  nos componentes que nos permitem a nossa reinserção dentro do entorno da Graça de Deus, contrariamente à unica e definitiva opção aceita por Adão e Eva no Éden, quando tiverem que optar entre obedecer ou desobedecer a Deus. 

Thursday, January 9, 2025

 A DINÂMICA DO PERDÃO – 15

 

Ao determinar uma clara distinção entre o que definimos como as escolhas benignas propostas e oferecidas por Deus (graça), e as opções malignas definidas e escolhidas por nós, seres humanos (natureza), num evidente dualismo, Schaeffer apresentou seus primeiros argumentos a começar por delinear o que se entende por Graça e Natureza. E nesse livro ele distinguiu a interação entre tais componentes reais que, de alguma forma, influenciam nossa vida como seres humanos. Para Schaeffer, como para a grande maioria de seus discípulos e leitores, Natureza significa o lado inferior do nível de influência protagonizado pelas decisões tomadas pelos humanos em suas decisões diárias, o que vale dizer também, que a natureza humana equivale à combinação entre o que há de divino em nosso ser – lembrando que fomos criados à imagem e semelhança de Deus – e o pecado, que representa uma distinção única e clara pertinente aos seres humanos, ou fator de corruptividade.  De tal forma que nossas escolhas sofrem sempre a influência do pecado que habita em nosso ser, e isso define o que vem a ser natureza humana, se a comparamos com a natureza dos anjos, que supostamente não pecaram. Graça, por outro lado, representa a ação dos benefícios divinos que nos são oferecidos gratuitamente, ou as dádivas do amor de Deus derramadas sobre nós, o que exclui qualquer possibilidade de mérito pessoal da parte dos seres humanos. Temos então, de acordo com Schaeffer, dois níveis distintos, sendo um sobreposto ao outro, de tal forma que a Graça de Deus se encontra no nível superior, e a Natureza – ao que incluímos natureza humana – no nível inferior, pois foi corrompida pelo pecado. Nesse sentido, a Graça de Deus se sobrepõe obviamente à Natureza humana em suas diferentes conotações e entendimentos, numa dimensão espiritual distintiva. Schaeffer definiu da seguinte forma o que caracteriza Graça e Natureza, como apresentado à página 9 de seu livro "Escape From Reason".  Desta forma, podemos concluir que todas as decisões tomadas pelos seres humanos sofrem a influência indireta ou direta do pecado, enquanto que a Graça de Deus oferecida diariamente aos seres humanos, o projeta para uma dimensão espiritual mais elevada, oferecendo-lhe sempre uma opção benigna, de salvação. No entanto, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus (sua graça), porque para ele, as coisas do Espírito de Deus são tolices. (Cf. 1 Cor. 2:6-16). E esse é o ponto onde deveríamos chegar para entendermos porque os seres humanos regeitam os dons gratúitos oferecidos pela Graça de Deus. Por causa do pecado em sua natureza humana, ou seja, o pecado contamina a natureza humana e o impede de escolher o que é certo e edificante, em seu próprio benefício.  

  A DINÂMICA DO PERDÃO – 22                    O perdão de Deus ao nos abrir portas de reconciliação, abre em primeiro lugar o nosso pró...