Thursday, May 7, 2015

PROCESSOS QUE ENVOLVEM MISSÕES E EVANGELISMO – 5
Evangelismo Urbano e o Caráter Não-Restritivo do Evangelismo Cristão.
            Ao final de nosso artigo/estudo de número 4, onde falávamos que Paulo “faz distinção entre iniquidade ou arrepedimento moral, de iniquidade ou arrependimento meramente psicológico”, ( o que define o sentido mais profundo de uma postura de arrependimento aceita por aqueles que verdadeiramente assumiram a verdade do Evangelho de Jesus Cristo, daqueles que a relegam simplesmente por mero desprezo), vamos abrir um parênteses no estudo do Evangelismo, para abordarmos  um tema que muitas vezes nossa cultura ainda assume como irrelevante nos dias atuais: a questão moral e a questão psicológica (ou emocional) no que se refere à aceitação da pregação da verdade e do consequente nível de arrependimento íntimo assumido por aquele que ouve a verdade pregada. Em ambas as situações, temos observado que nelas existe um pressuposto, qual seja, uma “postura moral” de arrependimento meramente psicológica, e uma postura moral de arrependimento engajada num profundo compromisso moral com o arrependimento. Em outras palavras, existe distinção entre os dois processos. Em primeiro lugar devemos entender que o IDE de Jesus não admite restrições, ou em outras palavras, não assume e nunca assumiu um caráter restritivo em sua abordagem ao evangelismo tido como original, adquirido dos ensinamentos do próprio Jesus Cristo. Restrições no que se referem às limitações dadas pelo Espírito em sua atuação. Em outras palavras, poderes ilimitados não restritivos, como podemos ler abaixo no chart dos Evangelhos a seguir. Em relação ao arrependimento tido como MORAL e ao arrependimento tido como PSICOLÒGICO, esses dois parâmetros são de uma atualidade muito significativa e pertinentes a ambos os cenários culturais, tanto da Atenas (ou do mundo cristão conhecido) dos primeiros séculos da era cristã, quanto ao nosso mundo secularizado dos séculos Vinte e Vinte e Um. Com uma diferença: atualmente nós vemos uma afluência muito grande de culturas, de falsos conceitos teológicos, de filosofias e de ideologias influenciando e confrontando a mente humana, o que não existia tão intensamente nos primeiros anos da era cristã. Hoje nós temos muito mais arraigados na mente humana, conceitos como o secularismo, o liberalismo e o neo-liberalismo, o neo-ateismo, o existencialismo, o marxismo (e todos os seus afluentes), o racionalismo, o fundamentalismo radical, o sincretismo religioso, a corrupção dos conceitos bíblicos (que gera a corrupção política) e outras idéias e ideologias impostas por ideólogos, que ajudaram a “formar” destrutivamente a mente humana e a mostrá-la como miscigenada e corruptível, compactada por uma espécie de amálgama psico-cultural que rege as oscilações, as ondulações e variáveis da mente humana atualmente, criando uma obstinação intelectual muito intensa, impedindo a aceitação da pregação e penetração do Evangelho.
 Em relação a este debate sobre arrependimento moral e arrependimento meramente psicológico (ou sentimentalista) devemos ter em mente sempre, o seguinte: o pressuposto do debate moral ou do arrependimento moral, é a busca pela verdade. A dialética clássico filosófica (a dialética platônica, ou aristotélico/tomista- a escolástica, ou a Metafísica) já nos seus primórdios, tinha como pressuposto a honestidade moral dos debatentes em buscar pela verdade, ou seja, em outras palavras, que as pessoas nesse debate estavam à procura da verdade. (Todo o filósofo, bem como todo teólogo, deve buscar moralmente conhecer a verdade). Um exemplo clássico disso mostrado na Bíblia, é que os gregos tiveram como alternativas às suas indagações (dentro de sua influência da filosofia platônica, ou das filosofias de sua época) mostrar ou apresentar O DEUS DESCONHECIDO como alternativa às suas própria indagações em seu caráter moral, filosófico, de buscar algo além, ir além em suas especulações. Pelo fato de o platonismo (ou epicurismo, etc.) não terem tido profundas implicações e especulações na procura pela VERDADE, eles lançaram uma alternativa: O DEUS DESCONHECIDO, que representava a resposta para além da qual eles não conseguiram explicar. A resposta a este dilema veio da parte de Deus, quando Paulo começa a pregar a VERDADE e responder às indagações dos gregos com relação à verdade. Paulo trouxe-lhes a resposta. A VERDADE se chama Jesus Cristo. Ou seja a imanência da filosofia clássico grega, encontrou como limite uma falência em sua especulação, ou que eles não conseguiram ultrapassar os limites da transcendência estabelecida por Deus em Cristo. Os que não entenderam ou não quiseram aceitar este debate, permaneceram fiéis ao platronismo, ou ao epicurismo, ou estoicismo, ou ao aristotelismo, etc. (Atualmente temos ampla aceitação de filosofias tais como, por exemplo, o Neo-Marxismo e outras.) Mas aqueles que entenderam que o debate filosófico-teológico de então envolvia um compromisso com a transcendência, esses tais entenderam a Paulo, à sua pregação sobre a verdade (Jesus Cristo) e seguiram a Paulo, no arrependimento moral e na busca da verdade que é Jesus Cristo. ( O arrependimento de que fala João Batista, ao anunciar Jesus Cristo como a Verdade). Tanto João Batista quanto Paulo, e todos os que professam uma fé legítima e moral em Jesus, foram grandes revolucionários da fé em Cristo. Paulo é usado por Deus para prosseguir no debate sobre a procura da verdade, que os gregos não tiveram a ousadia de poder encontrar. Essencialmente o arrependimento moral, pode ser entendido como uma honestidade moral que busca ir além, ou ir à procura de conceitos absolutos transcendentais, no conhecimento da verdade, que é Deus, que é Jesus Cristo. E tal resposta deveria ser encontrada na ética judaico-cristã. Isto explica porque nosso evangelismo deve provocar o arrependimento moral naqueles que ouvem a pregação da verdade. Paulo estabelece uma ponte intelectual entre as filosofias da época, (e seu compromisso moral de buscar pela verdade), mostrando-lhes o outro lado da ponte, a travessia final, mostrando-lhes a própria VERDADE. Muitos prosseguiram com Paulo através do caminho da verdade, mas outros ficaram para tráz em sua especulação filosófica. Em Jesus, a filosofia deste mundo chegou a seu termo final, conclusivo. Esta é a grande ruptura causada pela especulação da filosofia que se afasta da verdade, que produz um desvio epistemológico ao se desviar da Verdade e prosseguir na sua autonomia racional humanística.(Mais detalhes sobre o tema leia “Escape from Reason”, by Francis Schaeffer).
Em Marcos 16:15-18 lemos: “Ide em todo o mundo e pregai a boa nova (do Reino) a toda criatura. Todo aquele que acreditar e for batizado será salvo, mas aquele que não crê será condenado. E estes sinais...Em meu nome expulsarão demônios, falarão novas línguas, segurarão serpentes com as mãos e quando beberem venenos mortais, não lhes farão mal, colocarão suas mãos sobre os enfermos e eles serão curados”. Marcos se refere mais profundamente a uma opção, ou poder de escolha em rejeitar ou aceitar através da fé a boa nova do Reino.
 Em Mateus 28:18-20, lemos “ Toda autoridade nos céus e na terra me foi dada. Em consequência ide e fazei discípulos em todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a obedecer tudo o que eu lhe ordenei. E seguramente eu estarei (eu estou) convosco sempre, até o fim dos tempos”.  Mateus se refere à presença constante do próprio Jesus no processo de evangelização, cuja presença ainda envolve as pessoas do Pai e do Espírito Santo.
 Em João 20:21-23 lemos: “ ...Como o Pai me enviou a mim, Eu vos envio a vós. Recebei o Espírito Santo. Se vós perdoardes os pecados, eles serão perdoados. Se vós não os perdoardes, não serão perdoados”. João acrescenta outros elementos também importantes no processo de evangelização, quais sejam, da forma como o Pai enviou a Jesus, o próprio Jesus nos envia a nós como evangelistas, além de conferir poderes de perdoar ou não perdoar pecados.
Em Lucas 24:45-49 lemos: “…e arrependimento e perdão dos pecados será pregado em Meu nome a todas as nações, ...e Eu vou lhes enviar o que meu Pai lhes prometeu, mas permanecei na cidade até serem revestidos com poder vindo do alto”.
 Lucas acrescenta como elementos importantes ao evangelismo, o perdão de pecados e arrependimento(moral), e o revestimento de poder vindo do alto, conforme o Pai lhes prometeu. O cumprimento de todas as promessas feitas pelo Pai e pelo Filho será feito, além de revestimento de poder espiritual vindo do alto, do Espírito Santo. Citamos as quatro referências com o intuito de definir a abordagem da ação evangelística, assumindo o caráter de Cristo em conferir aos discípulos igual poder na pregação do evangelho. Este é o testemunho central de nossa fé em Cristo no evangelismo. Jesus determina o meio, e os fins para que sua mensagem seja pregada, embora cada evangelista tenha uma definição, uma atribuição própria e complementar em seu testemunho. Isto quer dizer que quando Jesus instruiu seus discípulos a irem pregar o Evangelho, ele não pregava limitações restritivas, (porque o poder do Espírito é ilimitado), ou apenas um modelo reduzido e exclusivista de ação e pregação. Pelo contrário, daquilo que sabemos sobre o que significa Evangelismo, podemos concluir que trata-se da arte ou do trabalho, ou da ação em obediência, ou conjunto de normas práticas ( ou da ciencia, como querem alguns ) de ajudar homens e mulheres a tomar conhecimento da pessoa,  da mensagem e do poder da Palavra pregada por  nosso salvador, Jesus Cristo relativamente ao Reino transcendente, absoluto dos Céus. Transcendência que pode até mesmo estar dentro de nós. Neste sentido, Evangelismo não conhece e não aceita restrições de caráter cultural, ou étnico, ou geográfico ou sócio/histórico, ou limitações impostas por barreiras políticas que sirvam para delimitar ou estabelecer obstáculos que impeçam a pregação acerca da pessoa de Jesus Cristo. Podemos afirmar isso seguramente, porque o próprio Jesus não o mencionou como restrição. O que nos permite afirmar também que no evangelismo estão envolvidos o Pai, O Filho e o Espírito Santo (como Mateus afirma em 28:18-20), aquele que evangeliza e o objeto do evangelismo, o evangelizado. E isto dá testemunho da força, e do poder da Palavra de Deus relativamente ao evangelismo, o que vale dizer, que o evangelismo é uma demanda imperativa, séria, imutável do coração de Deus, determinada por Jesus ao ministério eclesiástico. Isto quer dizer que Igreja de Jesus e Evangelismo são inseparáveis.  
Com as referências acima citadas nós temos formulado o seguinte esquema no Evangelismo:   Todas as idéias e conceitos práticos definidos por Jesus Cristo aos Apóstolos em seus Evangelhos, são na verdade as colunas que sustentam a própria Igreja Cristã e ao mesmo tempo, as bases teológicas do Evangelismo Cristão estabelecidas por Deus (Jesus Cristo) em Sua Palavra.

Mateus 28:18-20                                                   Marcos 16:15-18
-Batismo em nome da Trindade                                              -Crer  e for batizado sera salvo.
-Jesus estará com os evangelistas                                            -Performance de sinais
-Toda a autoridade...                                                                  -Condenação p/ os que não crerem.

Lucas 24:45-49                                                      João 20:21-23
-Arrependimento e perdão de pecados,                                  -Dádiva do Espírito Santo
serão pregados                                                                             conferindo poderes
começando em Jerusalem                                                          -poder de perdoar pecados
-Revestimento de poder 
                            
Em Mateus 28:18-20 temos o legado da autoridade de Jesus Cristo (cujo escopo abrange todo o Universo), sendo atribuida como proposta de determinação (não de determinismo) de obediência à demanda de Cristo. Em outras palavras o texto em questão poderia ser lido: “Em consequência da autoridade que me foi dada IDE e fazei discípulos”. Ou seja, o respaldo da autoridade de Cristo servindo como suporte à demanda cristã para aqueles que deverão ir. Isto representa a salvaguarda para aqueles que creem (fé) de que o PODER de Jesus nos acompanhará e nos ajudará a produzir os frutos provenientes do evangelismo. Todo o suporte ao evangelismo está em Jesus e vem do próprio Jesus, que NÃO RECONHECE RESTRIÇÕES AO ALCANCE, Á DINÂMICA, AOS EFEITOS REVOLUCIONÁRIOS DO PODER DO EVANGELHO. Prova disso nós vemos no Evangelismo Paulino. Em Mateus também existe a definição dos Imperativos das demandas Cristãs.  Isto quer dizer que o verbo IR, utilizado por Jesus, está usado no Modo Imperativo, o que representa a proposta de autoridade do Senhor dos Senhores aos seus discípulos. Em outras palavras, é IMPERATIVO que a Igreja faça evangelismo e missões, conforme o próprio programa missiológico e evangelístico de Jesus Cristo, definido em três passos básicos: 1)IR, 2) BATIZAR e 3) ENSINAR.
Falamos acima em normas práticas, porque na verdade Jesus definiu a demanda da ação evangelística, mas são os escolhidos ao evangelismo que vão definir posteriormente a metodologia aplicada durante o processo de evangelismo. E isto é evidente nos quatro evangelhos, onde Jesus define o suporte à ação evangelística, ao formular a demanda dessa ação, permitindo ao evangelista definir a metodologia aplicada, e critérios diferenciados de atuação. Isto justifica a existência de diferentes métodos aplicados ao evangelismo e missões, a partir do modelo bíblico, em Paulo.  Existem limites (geográficos, sócio-culturais, metodológicos...), mas não restrições à ação evangelística. Todos nós conhecemos muito  bem todos os perigos/limites enfrentados por Paulo durante suas viagens missionárias, como lemos em 2 Corintios 11:23-33, o que define a existência de limites que serão enfrentados pelos evangelistas, mas nunca, restrições da ação e do poder  do Evangelho. 
      

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