PROCESSOS
QUE ENVOLVEM MISSÕES E EVANGELISMO – 5
Evangelismo
Urbano e o Caráter Não-Restritivo do Evangelismo Cristão.
Ao final de nosso artigo/estudo de
número 4, onde falávamos que Paulo “faz distinção entre iniquidade ou arrepedimento moral, de iniquidade
ou arrependimento meramente psicológico”, ( o
que define o sentido mais profundo de uma postura de arrependimento aceita por
aqueles que verdadeiramente assumiram a verdade do Evangelho de Jesus Cristo,
daqueles que a relegam simplesmente por mero desprezo), vamos abrir um
parênteses no estudo do Evangelismo, para abordarmos um tema que muitas vezes nossa cultura ainda
assume como irrelevante nos dias atuais: a
questão moral e a questão psicológica (ou emocional) no que se refere à aceitação
da pregação da verdade e do consequente nível de arrependimento íntimo assumido
por aquele que ouve a verdade pregada. Em ambas as situações, temos observado
que nelas existe um pressuposto, qual seja, uma “postura moral” de
arrependimento meramente psicológica, e uma postura moral de arrependimento
engajada num profundo compromisso moral com o arrependimento. Em outras
palavras, existe distinção entre os dois processos. Em primeiro lugar devemos
entender que o IDE de Jesus não admite restrições, ou em outras palavras, não
assume e nunca assumiu um caráter restritivo em sua abordagem ao evangelismo
tido como original, adquirido dos ensinamentos do próprio Jesus Cristo. Restrições
no que se referem às limitações dadas pelo Espírito em sua atuação. Em outras
palavras, poderes ilimitados não restritivos, como podemos ler abaixo no chart
dos Evangelhos a seguir. Em relação ao arrependimento tido como MORAL e ao
arrependimento tido como PSICOLÒGICO, esses dois parâmetros são de uma
atualidade muito significativa e pertinentes a ambos os cenários culturais,
tanto da Atenas (ou do mundo cristão conhecido) dos primeiros séculos da era cristã, quanto ao nosso mundo
secularizado dos séculos Vinte e Vinte e Um. Com uma diferença: atualmente nós
vemos uma afluência muito grande de culturas, de falsos conceitos teológicos,
de filosofias e de ideologias influenciando e confrontando a mente humana, o
que não existia tão intensamente nos primeiros anos da era cristã. Hoje nós
temos muito mais arraigados na mente humana, conceitos como o secularismo, o
liberalismo e o neo-liberalismo, o neo-ateismo, o existencialismo, o marxismo (e todos os seus
afluentes), o racionalismo, o fundamentalismo radical, o sincretismo religioso,
a corrupção dos conceitos bíblicos (que gera a corrupção política) e outras
idéias e ideologias impostas por ideólogos, que ajudaram a “formar”
destrutivamente a mente humana e a mostrá-la como miscigenada e corruptível,
compactada por uma espécie de amálgama psico-cultural que rege as oscilações,
as ondulações e variáveis da mente humana atualmente, criando uma obstinação
intelectual muito intensa, impedindo a aceitação da pregação e penetração do
Evangelho.
Em
relação a este debate sobre arrependimento moral e arrependimento meramente
psicológico (ou sentimentalista) devemos ter em mente sempre, o seguinte: o pressuposto do debate moral ou do arrependimento moral, é a busca pela
verdade. A dialética clássico filosófica (a dialética platônica, ou
aristotélico/tomista- a escolástica, ou a Metafísica) já nos seus primórdios, tinha como
pressuposto a honestidade moral dos debatentes em buscar pela verdade, ou seja, em outras palavras, que as pessoas
nesse debate estavam à procura da verdade. (Todo o filósofo, bem como todo
teólogo, deve buscar moralmente conhecer a verdade). Um exemplo clássico disso mostrado na
Bíblia, é que os gregos tiveram como alternativas às suas indagações (dentro de
sua influência da filosofia platônica, ou das filosofias de sua época) mostrar
ou apresentar O DEUS DESCONHECIDO como alternativa às suas própria indagações
em seu caráter moral, filosófico, de buscar algo além, ir além em suas
especulações. Pelo fato de o platonismo (ou epicurismo, etc.) não terem tido profundas implicações e especulações
na procura pela VERDADE, eles lançaram uma alternativa: O DEUS DESCONHECIDO,
que representava a resposta para além da qual eles não conseguiram explicar. A
resposta a este dilema veio da parte de Deus, quando Paulo começa a pregar a
VERDADE e responder às indagações dos gregos com relação à verdade. Paulo
trouxe-lhes a resposta. A VERDADE se chama Jesus Cristo. Ou seja a imanência da
filosofia clássico grega, encontrou como limite uma falência em sua
especulação, ou que eles não conseguiram ultrapassar os limites da
transcendência estabelecida por Deus em Cristo. Os que não entenderam ou não
quiseram aceitar este debate, permaneceram fiéis ao platronismo, ou ao
epicurismo, ou estoicismo, ou ao aristotelismo, etc. (Atualmente temos ampla aceitação
de filosofias tais como, por exemplo, o Neo-Marxismo e outras.) Mas aqueles que
entenderam que o debate filosófico-teológico de então envolvia um compromisso
com a transcendência, esses tais entenderam a Paulo, à sua pregação sobre a
verdade (Jesus Cristo) e seguiram a Paulo, no arrependimento moral e na busca
da verdade que é Jesus Cristo. ( O arrependimento de que fala João Batista, ao
anunciar Jesus Cristo como a Verdade). Tanto João Batista quanto Paulo, e todos
os que professam uma fé legítima e moral em Jesus, foram grandes
revolucionários da fé em Cristo. Paulo é usado por Deus para prosseguir no
debate sobre a procura da verdade, que os gregos não tiveram a ousadia de poder
encontrar. Essencialmente o
arrependimento moral, pode ser entendido como uma honestidade moral que busca ir além, ou ir à procura de conceitos
absolutos transcendentais, no conhecimento
da verdade, que é Deus, que é Jesus Cristo. E tal resposta deveria ser
encontrada na ética judaico-cristã. Isto explica porque nosso evangelismo deve
provocar o arrependimento moral naqueles que ouvem a pregação da verdade. Paulo
estabelece uma ponte intelectual entre as filosofias da época, (e seu
compromisso moral de buscar pela verdade), mostrando-lhes o outro lado da
ponte, a travessia final, mostrando-lhes a própria VERDADE. Muitos prosseguiram
com Paulo através do caminho da verdade, mas outros ficaram para tráz em sua
especulação filosófica. Em Jesus, a filosofia deste mundo chegou a seu termo
final, conclusivo. Esta é a grande ruptura causada pela especulação da
filosofia que se afasta da verdade, que produz um desvio epistemológico ao se
desviar da Verdade e prosseguir na sua autonomia racional humanística.(Mais
detalhes sobre o tema leia “Escape from Reason”, by Francis Schaeffer).
Em Marcos 16:15-18 lemos: “Ide em todo o mundo e pregai a boa nova (do Reino) a toda criatura. Todo aquele
que acreditar e for batizado será salvo, mas aquele que não crê será condenado. E estes sinais...Em
meu nome expulsarão demônios, falarão novas línguas, segurarão serpentes com as mãos e quando beberem venenos mortais, não
lhes farão mal, colocarão suas mãos
sobre os enfermos e eles serão curados”. Marcos se refere mais
profundamente a uma opção, ou poder de escolha em rejeitar ou aceitar através
da fé a boa nova do Reino.
Em Mateus 28:18-20, lemos “ Toda autoridade nos céus e
na terra me foi dada. Em consequência ide e fazei discípulos em todas as
nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e
ensinando-os a obedecer tudo o que eu lhe ordenei. E seguramente eu estarei (eu estou) convosco sempre, até o fim dos tempos”.
Mateus se refere à presença
constante do próprio Jesus no processo de evangelização, cuja presença ainda
envolve as pessoas do Pai e do Espírito Santo.
Em João 20:21-23 lemos: “ ...Como o Pai me enviou a mim, Eu vos envio
a vós. Recebei o Espírito Santo. Se vós perdoardes os pecados, eles serão perdoados. Se vós não os perdoardes, não serão
perdoados”. João
acrescenta outros elementos também importantes no processo de evangelização,
quais sejam, da forma como o Pai enviou a Jesus, o próprio Jesus nos envia a
nós como evangelistas, além de conferir poderes de perdoar ou não perdoar
pecados.
Em Lucas 24:45-49 lemos: “…e arrependimento e perdão dos pecados será
pregado em Meu nome a todas as nações, ...e Eu vou lhes enviar o que meu Pai
lhes prometeu, mas permanecei na cidade até serem revestidos com poder
vindo do alto”.
Lucas
acrescenta como elementos importantes ao evangelismo, o perdão de pecados e
arrependimento(moral), e o revestimento de poder vindo do alto, conforme o Pai
lhes prometeu. O cumprimento de todas as promessas feitas pelo Pai e pelo Filho
será feito, além de revestimento de poder espiritual vindo do alto, do Espírito
Santo. Citamos as quatro referências com o intuito de definir a abordagem da
ação evangelística, assumindo o caráter de Cristo em conferir aos discípulos
igual poder na pregação do evangelho. Este é o testemunho central de nossa fé
em Cristo no evangelismo. Jesus determina o meio, e os fins para que sua
mensagem seja pregada, embora cada evangelista tenha uma definição, uma
atribuição própria e complementar em seu testemunho. Isto quer dizer que quando
Jesus instruiu seus discípulos a irem pregar o Evangelho, ele não pregava
limitações restritivas, (porque o poder do Espírito é ilimitado), ou apenas um
modelo reduzido e exclusivista de ação e pregação. Pelo contrário, daquilo que
sabemos sobre o que significa Evangelismo, podemos concluir que trata-se da
arte ou do trabalho, ou da ação em obediência, ou conjunto de normas práticas (
ou da ciencia, como querem alguns ) de ajudar homens e mulheres a tomar
conhecimento da pessoa, da mensagem e do
poder da Palavra pregada por nosso
salvador, Jesus Cristo relativamente ao Reino transcendente, absoluto dos Céus.
Transcendência que pode até mesmo estar dentro de nós. Neste sentido,
Evangelismo não conhece e não aceita restrições de caráter cultural, ou étnico,
ou geográfico ou sócio/histórico, ou limitações impostas por barreiras políticas
que sirvam para delimitar ou estabelecer obstáculos que impeçam a pregação
acerca da pessoa de Jesus Cristo. Podemos afirmar isso seguramente, porque o
próprio Jesus não o mencionou como restrição. O que nos permite afirmar também
que no evangelismo estão envolvidos o Pai, O Filho e o Espírito Santo (como
Mateus afirma em 28:18-20), aquele que evangeliza e o objeto do evangelismo, o evangelizado. E isto dá testemunho da
força, e do poder da Palavra de Deus relativamente ao evangelismo, o que vale
dizer, que o evangelismo é uma demanda imperativa, séria, imutável do coração
de Deus, determinada por Jesus ao ministério eclesiástico. Isto quer dizer que
Igreja de Jesus e Evangelismo são inseparáveis.
Com as
referências acima citadas nós temos formulado o seguinte esquema no
Evangelismo: Todas as idéias e conceitos práticos definidos
por Jesus Cristo aos Apóstolos em seus Evangelhos, são na verdade as colunas
que sustentam a própria Igreja Cristã e ao mesmo tempo, as bases teológicas do
Evangelismo Cristão estabelecidas por Deus (Jesus Cristo) em Sua Palavra.
Mateus 28:18-20 Marcos 16:15-18
-Batismo em nome da Trindade -Crer e for batizado sera salvo.
-Jesus estará com os evangelistas -Performance de sinais
-Toda a autoridade... -Condenação p/ os que não crerem.
Lucas 24:45-49 João 20:21-23
-Arrependimento e perdão de pecados, -Dádiva do Espírito Santo
serão pregados conferindo poderes
começando em Jerusalem -poder de perdoar pecados
-Revestimento de poder
Em Mateus 28:18-20 temos o legado da autoridade
de Jesus Cristo (cujo escopo abrange todo o Universo), sendo atribuida como proposta
de determinação (não de determinismo) de obediência à demanda de Cristo. Em
outras palavras o texto em questão poderia ser lido: “Em consequência da
autoridade que me foi dada IDE e fazei discípulos”. Ou seja, o respaldo da
autoridade de Cristo servindo como suporte à demanda cristã para aqueles que
deverão ir. Isto representa a salvaguarda para aqueles que creem (fé) de que o
PODER de Jesus nos acompanhará e nos ajudará a produzir os frutos provenientes
do evangelismo. Todo o suporte ao evangelismo está em Jesus e vem do próprio
Jesus, que NÃO RECONHECE RESTRIÇÕES AO ALCANCE, Á DINÂMICA, AOS EFEITOS
REVOLUCIONÁRIOS DO PODER DO EVANGELHO. Prova disso nós vemos no Evangelismo
Paulino. Em Mateus também existe a definição dos Imperativos das demandas
Cristãs. Isto quer dizer que o verbo IR,
utilizado por Jesus, está usado no Modo Imperativo, o que representa a proposta
de autoridade do Senhor dos Senhores aos seus discípulos. Em outras palavras, é
IMPERATIVO que a Igreja faça evangelismo e missões, conforme o próprio programa
missiológico e evangelístico de Jesus Cristo, definido em três passos básicos:
1)IR, 2) BATIZAR e 3) ENSINAR.
Falamos acima em normas práticas, porque na
verdade Jesus definiu a demanda da ação evangelística, mas são os escolhidos ao
evangelismo que vão definir posteriormente a metodologia aplicada durante o
processo de evangelismo. E isto é evidente nos quatro evangelhos, onde Jesus
define o suporte à ação evangelística, ao formular a demanda dessa ação,
permitindo ao evangelista definir a metodologia aplicada, e critérios
diferenciados de atuação. Isto justifica a existência de diferentes métodos
aplicados ao evangelismo e missões, a partir do modelo bíblico, em Paulo. Existem limites (geográficos, sócio-culturais,
metodológicos...), mas não restrições à ação evangelística. Todos nós conhecemos muito
bem todos os perigos/limites enfrentados por Paulo durante suas viagens
missionárias, como lemos em 2 Corintios 11:23-33, o que define a existência de
limites que serão enfrentados pelos evangelistas, mas nunca, restrições da ação
e do poder do Evangelho.
No comments:
Post a Comment