Saturday, December 27, 2014



PROCESSOS QUE ENVOLVEM MISSÕES E EVANGELISMO. 3  
Paulo prega em Listra, no Campo de Marte (no Areópago de Atenas) e através de Romanos.
          Paulo prossegue em sua trajetória evangelística em Atenas, conforme lemos os relatos em Atos 17:16-32, onde ali pôde observar o excessivo numero de entidades idolátricas. A cidade estava cheia de ídolos, (aliás, centenas de ídolos) repleta de liberalismo filosófico, congestionada por diferentes ideologias e indagando especulativamente por novas verdades. Em Atenas nos referimos mais ao tipo de idolatria fisica, paupável, concreta, referida mais especificamente ao grande numero de imagens  de “deuses”esculpidas. Atualmente existe uma complexidade e diversidade de idolatrias incomparavelmente maiores do que as que Paulo encontrou em Atenas, que vão visceralmente contra a Palavra de Deus. Para pregar no Areópago e se relacionar com o ambiente de ideias filosóficas que compunham o ambiente cultural da Grécia de seu tempo, Paulo evidentemente se preparou, absorveu ideias filosóficas, admitiu ter um conhecimento prévio das ideologias e filosofias que compunham mais intensamente o ambiente cultural ateniense.(Para maiores insights sobre esse conhecimento paulino acerca da cultura e historia de Atenas, recomendamos o livro de Don Richardson “Eternity in Their Hearts”, Venture Books, California Revised Edition 1984, pp.9-25) Isto quer dizer que para ele, fazia-se necessário conhecer tais ideias. (Alias, existe alguma influencia de filosofias gregas no “pensamentopaulino, assim como existe também tal influencia no Evangelho de João, por exemplo). Mas não era esta a principal preocupação de Paulo. E o livro de Atos, - bem como a epistola aos Romanos, - particularmente registra filosofias, conceitos filosóficos e as ideias que influenciaram o intelectualismo de então, por sua difusão e influencia cultural. Neste período eram conhecidos filósofos, scholars, poetas como Epicuro, Seneca,  Socrates, Platão, Aristóteles, Epimenides e muitos outros. E Paulo foi um homem de seu tempo, tinha uma cultura muito vasta e era contextualizado com seu tempo.  Isto representa em essência o perfeito modelo aplicado à nossa cultura pós-moderna atual, com sua diversidade e complexidade de ideias, e com suas diferentes e mais entranhadas idolatrias, ideologias e suas inovações. E esta complexidade gera sua própria fragilidade. As novas ideias da sociedade ateniense do tempo de Paulo, o paganismo, a idolatria, o intelectualismo diversificado, a violência de então, a diversidade sócio-cultural, e os pecados que caracterizavam e identificavam a plenitude do tempo em que Jesus viveu, assim como se equiparam ao mundo secularizado e pós-cristão vivenciado hoje. O paralelo é estarrecedor. Existe uma identidade dinâmica entre as diferentes épocas, como se a distinção maior entre os dois milieus fosse definida ou viesse á tona pela novidade da pregação da boa nova do Evangelho dentro de uma eclosão de antagonismo. Em outras palavras, a pregação do Evangelho de Jesus por Paulo atingiu um nível de novidade tão antagônico e diferenciado, causando impacto, e que o mesmo acontece hoje, em nossa diversidade e complexidade cultural, onde o Evangelho se apresenta como antagônico e estranho e sua rejeição passa a assumir um caracter, como fenomeno renovador sócio-cultural, criando uma rejeição injustificada, uma ojeriza sócio-cultural. Paulo, na verdade enfrentou um mundo de ideias diferenciadas e de alguma forma tão complexas, da mesma forma como o evangelismo atual, enfrentaria também a mesma complexidade e diferenciação. No entanto, existiu um elemento surpresa em meio à suposta arrogância do fenômeno do intelectualismo cultural ateniense.  Havia uma abertura possibilitada pela própria especulação do intelectualismo, assim como se admite o mesmo dentro do secularismo da sociedade atual. Por mais que eles se apresentem como mundanos e oclusivos, tanto o intelectualismo ateniense, quanto o secularismo da cultura pós-cristã de hoje, admitem uma abertura. E esta abertura é possibilitada pela falência do racionalismo intelectual autônomo (Para saber mais sobre esta falência da mente racional autonoma , veja o livro “Escape from Reason”, de Francis A. Schaeffer) que produz uma válvula de escape, que nasce da sua própria especulação ou da falência da sua especulação, ao admitir como consequência de seu liberalismo, uma abertura, uma possibilidade em direção àquilo que o intelectualismo não encontrou ainda como verdade absoluta. Isto é caracterizado pelo altar ao Deus Desconhecido.  Por mais que o pecado, ou a aversão à verdade mostre seu poder, existe por detrás dele um elemento surpresa caracterizado por sua falência, pela queda do inimigo imposta pelo sacrifício de Jesus. A vitória de Cristo na cruz nos dá a certeza de vitória no evangelismo também. Lucas 10:18 nos diz, “Eu vi Satan caindo do céu como um raio”. Neste ponto o intelectualismo ateniense mostrava sua fragilidade e abria uma brecha em direção à sua especulação. A razão mostrava a sua fragilidade, naquilo que ainda não havia sido pensado. E sempre foi assim na história da evolução do pensamento (da Razão) humana. Em essência o homem só tem “razão” quando ele está conectado com a razão divina, com o Logos de Deus. O idealismo platônico tentou mostrar o mesmo. Além disso o que existe é a trilha criada pela autonomia da mente liberal. O próprio Platão não conseguiu evidenciar aquilo, ou aquele “ser” que pudesse sustentar a evidencia das ideias absolutas, que dessem sustentação a uma real moralidade, o que prova que os gregos estavam profundamente influenciados pelo idealismo platônico.( Cf. “Death in The City”,  Francis A. Schaeffer pg. 106 ). Paulo, no entanto, ao pregar sobre este “deus” desconhecido, admite esta possibilidade e desmorona inteiramente o platonismo (sem no entanto, abolí-lo) ao prosseguir pelo caminho da falência deixada pelo intelectualismo, na direção das verdades absolutas sustentadas pelo Evangelho de Jesus.  E tal visão paulina ao pregar em Atenas, mostra a possibilidade real sempre possível em todos os níveis sociais e históricos, da pregação do Evangelho de Jesus. Paulo assim entendeu porque ele não estava sofrendo o impacto da cultura, o impacto do secularismo de seu tempo, o impacto das filosofias de seu tempo, o impacto das forças satânicas de oposição na história. Paulo estava pensando na direção da evolução do pensamento cristão, que além das ideias possibilitadas pelo conceito filosófico de “deus desconhecido” ele já trazia a resposta do Deus que todos ainda desconheciam. Paulo via a realidade com olhos centrados em JESUS CRISTO.   Se nós temos que enfrentar um fenômeno semelhante em nosso evangelismo hoje, este se chama secularismo, ou satanismo, ou idolatria, ou o que se opõe a ele. Paulo não trazia em seu ser carências especulativas, ausência de uma fé viva, mas uma fé centrada em Cristo e o poder do Espirito que lhe permitia operar milagres. Sabemos também que NADA supera a força e o poder de JESUS no mundo.  O secularismo representa na verdade o caminho oposto sustentado ou almejado pelo intelectualismo ( ou o idealismo) platônico de então e por outras ideias, como as do Epicurismo e do Estoicismo. No secularismo, o homem passa a divergir sua mente das coisas de um mundo além, para as coisas de seu mundo aquém, isto é, limitado pela sua especulação intelectual totalmente desmoronada, descentralizada, egocentrica. De modo geral, o secularismo despreza a religião e as propostas divinas para a história e segue pela trilha do mundanismo, da autonomia racional, da diversidade cultural, e isso com mais ênfase desde o humanismo renascentista, e aí reside sua fragilidade ao desprezar as verdades absolutas. Esta (a autonomia do racionalismo) é a maior carência da fragilidade mostrada pela história da evolução da mente racional, desde Tomas de Aquino (1225-1274). Nós conhecemos o que ocorreu desde tempos imemoriais na Bíblia, quando Adão e Eva decidiram livremente assumir sua própria autonomia racional. A partir daí surgiu o desastre histórico do pecado.  A atualidade do evangelismo paulino passa a existir á medida que Paulo confronta o crescimento do urbanismo, o surgimento das cidades como fenômeno social-cultural e histórico. Não é de se estranhar que Jesus basicamente se utilizava do contexto urbano para pregar e ensinar, e muitas vezes referindo-se a temas do próprio contexto urbano. (Cf. Ray Bakke, “A Theology as Big as The City”, pg 132, 1997). E este é o mesmo modelo de sociedade que o evangelismo atual vai enfrentar no urbanismo da sociedade secular. Assim como o intelectualismo ateniense tem suas raízes históricas, filosóficas e culturais bem profundas, centradas na filosofia, no urbanismo, na idolatria e no liberalismo intelectual, hoje em dia, nosso evangelismo teria que enfrentar bloqueios de natureza também sócio culturais e filosóficos, manipulados pela sociedade secular, que faz a razão humana divergir para uma natureza essencialmente materialista e até certo nível,  pragmática. Paulo viu a mente divina abrindo caminho em meio a todo esse emaranhado intelectual, e seguiu por ela, pelas possibilidades reais propostas pela mente divina. Paulo viu também a fragilidade do intelectualismo não apenas ateniense, conforme admitiu em 1Co 1:20-23, ao parafrasear Isaías 29:14, onde critica a insuficiência da mente do sábio desse mundo, ou dos scholars desse mundo ( quando se refere aos doutores da lei de seu tempo ), por causa de sua concepção errônea a respeito dos planos de Deus e de Sua revelação em Cristo. E neste ponto Paulo assume inteiramente uma adesão coerente ao Antigo Testamento bem como ao Novo, ainda em formação, que assume uma problemática diversificada, mais atual, em consonância com a sociedade do mundo secularizado. O que se destaca no secularismo são os paradoxos da razão humana, a autonomia da mente humana, buscando alternativas meramente infrutíferas e antagônicas. Razão pela qual tanto o intelectualismo ateniense, quanto o secularismo da sociedade pós-cristã atual, admitem sua fragilidade ao se afastar das verdades propostas pelo Evangelho, onde certamente não existe falência. O que motivava Paulo não era seguir pela carência (ou falência) de uma mente racional centrada no intelectualismo, mas as verdades espirituais mantidas e centradas no Evangelho de Jesus. Paulo não tinha medo do diabo porque o via como caído, derrotado por Jesus. Paulo estava profundamente inspirado pelos absolutos da mente divina, e não pelas limitações da mente racional autônoma secularizada, intelectualizada e fracassada em Atenas como em qualquer outra parte do mundo.
De modo geral, o que aconteceu em Atenas, no Campo de Marte, - e aqui nós nos referimos mais especificamente ao livro de Atos, - foi que Paulo se confrontou essencialmente com o Homem Sem a Bíblia, o homem intelectualizado, e pra esse homem Paulo pregou com autoridade e com destemor, mesmo enfrentando depois a opressão dos judeus, ou das classes intelectuais radicais da sociedade intelectual ateniense. E é este o cenário do ambiente secular atual que nós igreja IBVN enfrentamos hoje aqui em Massachusetts, numa região onde existe um alto nível de intelectualismo, de ideologias e pecados também. Nós perguntaríamos então: É difícil fazer evangelismo hoje aqui em Boston, nos Estados Unidos da América? A resposta é a seguinte: SIM é difícil, mas não é impossível, dadas as razões apresentadas acima.  Paulo conhecia profundamente o Evangelho, como o maior de todos os Teólogos e missionário do Novo Testamento, assim como conhecia também as filosofias e ideologias de seu tempo, e delas não tinha medo, mas destemor e fé para enfrentar o mundo secularizado de então, com a força do Espírito que vem do alto, da pessoa de Jesus Cristo. Paulo também não estava apenas à mercê do “elemento surpresa” em sua aproximação evangelística. Isso equivale dizer que Paulo tinha certo conhecimento prévio da diversidade cultural de seu tempo o que veio favorecer sua aproximação. Prova desse conhecimento é a alusão que ele, Paulo, faz ao poeta Epimenides, referida por Lucas no livro de Atos, capítulo 17:15-34. Isso equivale dizer também que é necessário se preparar convenientemente rumo a um estudo aprofundado do Evangelho de Jesus, ao se propor uma aproximação ao Evangelismo, sem desconhecer as nuances da sociedade cultural, urbana e secularizada de nosso tempo, sem desprezar o conhecimento das tendências sociais, culturais, filosóficas e históricas que regem nosso próprio contexto urbano. Pode-se mesmo afirmar que parte do sucesso alcançado por Paulo em seu Evangelismo se deve á obediência desses fatores, sua indestrutível fidelidade à Palavra, sua total credulidade á Palavra de Deus, seu amor ao evangelismo e á salvação de almas, sua entrega e trabalho incansável à causa do evangelismo e seu amor incondicional à pessoa de Jesus Cristo.
A abertura que existe na cultura atual hoje, como possibilidade real além de sua falência é definida essencialmente pelo secularismo materialista e pelo intelectualismo que caracteriza a sociedade americana. O Deus Desconhecido de então, é o Deus ausente na mente do homem sem a Bíblia dos dias atuais. Para os atenienses Paulo advogava um “deus estrangeiro” da mesma forma como o Deus verdadeiro vai se mostrar estranho àqueles que ouvem pela primeira vez ao evangelismo dos dias atuais. E o texto de Atos 17:18 nos diz que os atenienses se referiam “a um estranho deus”, porque Paulo pregava  as boas novas sobre Jesus e a ressurreição, ideias totalmente estranhas aos atenienses, importadas da Galiléia. Paulo se utilizou da falência do intelectualismo de então, que não possuía elementos para definir que “deus estranho” era aquele, para lançar a novidade das ideias “estranhas” do Evangelho de Jesus. Existia portanto, uma abertura proposta pelo intelectualismo ateniense, possibilitada pelo liberalismo intelectual de então, ou pelo humanismo filosófico dos intelectuais gregos. Paulo saiu vitorioso em seu evangelismo, porque ele não pregava sozinho. O Espirito Santo o acompanhava. E Jesus modela novas alternativas históricas, para abrir caminho à pregação de Sua Boa Nova, como parte das propostas originais de Deus para a salvação da humanidade, em Cristo.
O que o Apóstolo Paulo nos ensina em Romanos relativamente a seu evangelismo ao Homem sem a Biblia, começa logo no princípio dessa epístola, ainda no capítulo 1, verso 18, extendendo-se até ao capítulo 2, verso 16. Conforme Francis A. Schaeffer, (Cf. Death in The City pg. 105) aí neste ponto Paulo, nos dá definitivamente o “método da pregação para a nossa geração, porque nossa geração é amplamente formada de homens sem a Bíblia.”  
Em Romanos 1:18 Deus nos dá o método de pregação para a nossa geração atual (pós-moderna, pós-cristã, neo-ateísta, neo-liberal, como queiram) quando Paulo inicia sua pregação sem mencionar referencias ao Antigo Testamento. Porque na verdade o “homem sem a Biblia” não conhece as Escrituras e Paulo evita mencionar referências do AT.  Em Romanos, - dirigindo-se  aos habitantes de Roma sem ter podido visita-la - 1:18-19 ele assim diz: “The wrath of God is being revealed from heaven against all the godlessness and wickedness of people, who suppress the truth by their wickedness, since what may be known about God is plain to them, because God has made it plain to them.”  Sem dúvida esta é uma revelação profética de Paulo aos Romanos. A tradução em Português ficaria assim: “A ira de Deus está sendo revelada dos céus contra toda infidelidade e iniquidade dos povos (ou das pessoas), que suprimem a verdade por sua iniquidade, desde que o que pôde ser conhecido sobre Deus é conhecido por eles, porque Deus o fez revelado a eles.” Essa profecia paulina é muito atual. O texto em Inglês é mais completo e o texto da King James version é mais completo ainda. Porque o texto da NIV fala “hinder the truth” ou “suppress the truth”, e o texto da KJV fala “ hold the truth”. Há uma sutil diferença nos dois verbos em Inglês. O texto da KJV fala que mesmo sem conhecer a Biblia, “o homem sem a Biblia” mantém, sustenta, esconde, segura em seu coração, ou ele esconde a verdade em injustiça dentro de seu coração. E por este motivo ele está sujeito à ira de Deus, por saber que Deus existe, de alguma forma, ou por rejeitá-Lo, ou por negá-Lo, e portanto, por sustentar esta verdade na sua injustiça. Observa-se no entanto, que Paulo começa pregando sobre A IRA DE DEUS aos que não conhecem a Palavra. Francis A. Schaeffer observa que Paulo não inicia seu evangelismo pregando salvação. Mas pregando a ira de Deus. ( Cf. Francis A. Schaeffer “Death in the City”pg.106 ). Vemos nestes dois versos de Romanos uma das primeiras características do evangelismo paulino, qual seja, começar a pregar sobre a IRA DE DEUS ao Homem sem a Biblia. Isso revela a primeira característica do método paulino de evangelismo.

POR QUE O MÉTODO PAULINO DE EVANGELISMO COMEÇA A PREGAR SOBRE A IRA DE DEUS? (veja no artigo 4 desta serie).

Sunday, December 14, 2014

      PROCESSOS QUE ENVOLVEM MISSÕES E EVANGELISMO 2
A PERSPECTIVA PAULINA. PAULO PREGA EM LISTRA, NO CAMPO DE MARTE E EM ROMANOS. 
                Nós iremos retirar do apóstolo Paulo, basicamente do livro de Romanos, exemplos de sua aproximação`a questão ligada ao tipo de homem  ou de mulher, para quem ele, Paulo, pregou em seu ministério apostólico aqui na Terra. Naquela época, Paulo teve obviamente que se referir a cada um dos diferentes perfis de pessoas, diante de si, quando tinha por objetivo pregar a Mensagem do Reino dos Céus. E isto fazia parte de seu entendimento do que evangelismo e missões significavam. Para assim fazer, Paulo certamente tinha que conhecer a quem ele pregava.  E de acordo com o livro de Romanos, 1:18 a 2:16 ( e também com o livro de Atos 14:15-17, a que nos referiremos a seguir) Paulo tinha por pré-requisito, reconhecer pelo menos dois tipos básicos de “personagens” para os quais a mensagem deveria ser pregada. E isto esta definido em Romanos.  Quais eram tais personagens? Eram eles, aqueles que conheciam a Palavra de Deus ( notadamente o Velho Testamento ) e aqueles que não conheciam o Velho Testamento, ou a Palavra de Deus conhecida até então. É evidente que a partir daí existem envolvidos no processo, ou incluídos “subentendidamente”, outros personagens definidos por sua aproximação ao conhecimento mais preciso ou menos preciso da Palavra de Deus. Tais eram aqueles que ouviram ou não falar sobre a pessoa de Jesus Cristo, aqueles que tiveram algum tipo de informação e experiência provenientes do Antigo Testamento, ou do Novo Testamento ainda em formação a partir da incipiente propagação oral da mensagem do Evangelho. Portanto, havia, sim, diferentes personagens que estavam realisticamente envolvidos com algum tipo de conhecimento prévio da Palavra ou da Pessoa de Jesus Cristo, realisticamente ou sub-repticiamente envolvidos. E tais personagens eram incluídos dentro daquele modelo mais generalizado de personagens. Paulo, portanto, sabia antecipadamente, por conhecimento prévio, ou por instrução espiritual, a quem iria pregar. Para ele haviam definidos dois tipos básicos, genéricos, de sujeitos de sua pregação. O Homem ou a mulher que conheciam a Bíblia e o homem e a mulher que não conheciam a Bíblia. E no meio desses dois tipos básicos de personagens, obviamente, havia aqueles que tinham ou não, conheciam ou não a mensagem da Boa Nova do Reino, de modo não profundo, ou superficial. E isto vai nos definir claramente como também devemos fazer quando iniciamos este processo de evangelismo e missões, no que se refere às pessoas sujeitos de nosso evangelismo ou missões.
                Vamos analisar agora o que nos diz o livro de Romanos em relação a isto. No primeiro artigo desta série, nós falávamos de uma aproximação baseada no conhecimento e nas experiências de missionários, evangelistas, estudiosos do assunto, teólogos e scholars que fizeram evangelismo e missões, e que posteriormente, mediante uma experiência acumulada, e benefícios provenientes dessas experiências, escreveram sobre o assunto, naquilo em que foram bem sucedidos ou mal sucedidos, com diferentes personagens. Demos também alguns exemplos práticos de aproximação (ou abordagem) ao assunto. Hoje em dia também podemos afirmar que existem diferentes níveis de personagens como no tempo de Paulo, mas, com uma diferença. A diversidade cultural hoje é bem mais ampla, a complexidade social é substancialmente maior, mas os pecados podem ser definidos como de mesmo nível e até certo ponto bem mais complexos do que no passado.  
                A metodologia proposta por Paulo em suas epístolas e nos livros bíblicos cujo tema seja relacionado, principalmente como já foi mencionado anteriormente, nas epístolas paulinas, (mas principalmente em Romanos) e no livro de Atos dos Apóstolos, será considerada o modelo padrão, que deveremos utilizar em nossos objetivos missionários e evangelísticos, porque tal modelo paulino, será tido como o modelo extraído da Palavra de Deus, ou modelo original e desta forma, orientado e inspirado por Deus. (Francis A. Schaeffer in “Death in The City”, page 105, afirma que é em Romanos “that God gives us the method of preaching to our generation…”).  A partir daí Teólogos, Scholars, Missionários, Evangelistas, leigos e escritores evangélicos retiram ou retirarão o padrão paradigmático para sua orientação, trabalho e estudos dentro do tema. Isto não quer dizer que devamos negar ou anular que no Antigo Testamento, homens chamados por Deus para servi-Lo, não tenham se utilizado de modelos missionários para atuar em suas missões proféticas, ou patrísticas, ou salmísticas, de alguma forma, criando e se utilizando de modelos veterotestamentários, válidos em toda a Palavra de Deus. Queremos dizer com isto que o modelo missionário paulino, não detém exclusividade como único modelo paradigmático, apesar de ser entendido e aceito como o modelo mais apropriado em missões, desde que Paulo, - pela dimensão de seu trabalho missionário - é tido como o missionário evangelístico padrão em toda a Bíblia. Sabemos também que hoje em dia existem modelos mais amplos que se utilizam de maiores recursos, como o tele-evangelismo, e outros.  Mas, de que forma Paulo começa a nos expor tal metodologia, é o que veremos a seguir. 
                O livro de Romanos 1:18 a 2:16 nos mostra grande parte da metodologia evangelística  utilizada por Paulo em seu trabalho missionário. Evangelística, porque ele aprendeu com o Evangelho de Jesus, ou mais especificamente com o “Ide” pregado por Jesus na Grande Comissão, e com O Antigo Testamento também, porque Paulo foi estudioso do Antigo Testamento. E missionária porque Paulo nos mostra o modelo bíblico paradigmático. E Paulo faz distinção primeiramente ao se dirigir ao homem comum, ou àquele que não conhecia a Palavra de Deus até então escrita, conforme vemos em Romanos 2 verso 3: “So when you, a mere man, pass judgement on them and yet do the same things, do you think you will escape God’s judgement?”. (NIV. Study Bible)“ Mere man “ no texto em Inglês significa o homem comum, simples, ou os gentios, desde que os principais recipientes da pregação paulina em Romanos foram os gentios. Isso também quer dizer que Paulo não faz distinção única, exclusiva, de “mero homem” referindo-se apenas aos gentios, mas acima de tudo ao grego comum, ou a todo aquele que compõe o cenário histórico/social de seu tempo, respeitando as limitações a que foi sujeito em seu ministério evangelístico.   Em seu livro “Death in The City”, Francis A. Schaeffer criou a expressão “Homem sem a Bíblia”, para se referir essencialmente ao povo grego. (cf. “ Death in The City” pg., 105, by Francis A. Schaeffer, 2002) Mas tal referencia ao grego não é tida com exclusividade no evangelismo paulino, dede que Paulo também se refere a outros indivíduos que também desconheciam a Palavra de Deus ( O Antigo Testamento ) ao pregar o Evangelho de Jesus, como vemos em Atos 17:21. “All the Athenians and the foreigners who lived there spent their time doing nothing…” Ao pregar aos Atenienses, Paulo certamente encontrou uma variedade de povos estrangeiros entre os gregos e no meio deles, alguns que obviamente não teriam ouvido sequer falar sobre o AT., ou sobre a pessoa de Jesus Cristo.  Alguns estudiosos e scholars afirmam, no entanto, que Paulo primeiramente pregou o Evangelho ao “homem sem a Bíblia” em Listra, - conforme vemos em Atos 14:15-17, - uma colônia do Império Romano a Noroeste do Mediterrâneo, numa região hoje conhecida por Turquia. Em Atos 17:16-32, Lucas registra a segunda ocasião em que Paulo prega ao “homem sem a Bíblia”, ainda em Atenas, no Areópago Ateniense.  Há muita semelhança no ambiente histórico social da Bíblia com o panorama histórico atual. O Intelectualismo visualizado por Paulo em Atenas, o agnosticismo de muitos homens sem Bíblia de seu tempo, a opressão sofrida pelos que pregam o evangelho de Jesus em confronto com as falsas doutrinas religiosas do paganismo, do neo-ateismo e da religiosidade fundamentalista do mundo atual, colocam os dois ambientes em paridade surpreendente. E Paulo foi o primeiro a nos mostrar este confronto real e paradoxal. E em tudo Paulo nos mostra o caminho ao verdadeiro evangelismo cristão.
Em terceiro lugar, identificamos o apóstolo Paulo se dirigindo aos “homens sem Bíblia” no livro de Romanos 1:18-2:16, livro escrito para a Igreja de Roma, onde predominavam os Gentios e também alguns Judeus. O próprio termo Gentios significa uma generalização referida a todos os povos à exceção dos Judeus. Portanto, podemos antecipar que existia uma multiplicidade de povos agregados sob um mesmo termo “Gentios” e que isto representa a soma de um grande numero de povos, que em determinado contexto histórico/social, escondia uma multiplicidade realmente complexa de povos, línguas e nações, todos agrupados sob esta denominação comum. Sendo assim é muito mais provável encontrarmos “homens sem a Bíblia” entre os Gentios do que entre os judeus. Portanto, observe que o campo missionário esta amplamente aberto para a pregação evangelística principalmente aos “gentios” ou ao não-judeu, que compõe o “grosso” da população em que vivemos. Há entretanto, campo missionário suficiente para o evangelismo entre aqueles conhecidos como “homens sem a Biblia”, porque este é o campo ao qual devemos nos dirigir essencialmente, para cumprimento das promessas de Jesus na Palavra. Quanto aos judeus, temos certeza que Deus esta tratando com eles, da mesma forma como tem tratado pelo menos nos últimos três mil anos.
                Definidos os três diferentes momentos em que Paulo pregou aos “homens sem a Bíblia”, na Bíblia, agora será mais fácil determinar sua metodologia em sua missão evangelística.
1). O que ocorreu em Listra relativamente ao Evangelismo Paulino: (cf. Atos 14:15-17).
                Em Listra Paulo operou milagres da parte do Senhor Jesus e juntamente com Barnabás, foram ovacionados como deuses pagãos. Paulo se tornaria Hermes e Barnabás, Zeus, tamanha era a idolatria a deuses pagãos na cidade. Mas, indignados com sua performance, os judeus tramaram contra eles e Paulo acabou sendo apedrejado e atirado para fora da cidade como morto. Mas, como por milagre Paulo se recuperou e junto a Barnabás, no dia seguinte seguiram viagem para Derbe. É importante observar que através do poder do Espírito Santo, Paulo operou milagres numa cidade pagã, violenta, mas onde se encontrou com Timóteo em sua primeira viagem missionária à cidade, convidando-o a participar em seu evangelismo. Isto quer dizer que no meio do joio urbano, Deus prepara o trigo a ser alcançado. Observa-se também que, na cidade de Listra havia uma certa promiscuidade religioso-sócio-cultural entre Judeus, Cristãos e Gregos, razão pela qual os pais de Timóteo eram, o pai, grego e a mãe Judeu-cristã. Paulo circuncisou Timóteo esperando que com isso, não houvesse desvantagem em seu trabalho com os Judeus, numa espécie de ardil que facilitasse seu trabalho, evitando a desconfiança dos judeus não convertidos ao Cristianismo. Dois eventos de importância a serem observados em Listra: 1) o milagre operado por Paulo em um manco, e posteriormente sua pronta recuperação do apedrejamento, o que mostra a operação da graça e do poder divinos em benefício de Paulo. 2) Paulo se utiliza de um ardil circuncisando Timóteo, o que demonstrou que a circuncisão lhe servira apenas como mero argumento ardiloso, facilitando a vida missionária de Timóteo entre os judeus,  em sua missão ao lado de Paulo. Tais eventos trazem á tona a evidencia de que os cenários religioso-sócio-culturais de Listra são comparados contextualizadamente ao ambiente (ou milieu ) religioso-sócio-cultural das cidades atuais, ou até mesmo de países do contexto histórico atual, com seu aglomerado urbano, miscigenado, com diversidade de línguas, tribos e nações, e sua tendência generalizada à violência e à impunidade criminosa. Ao pregar o Evangelho em Listra, Paulo sofreu a rejeição e a violência de seus habitantes, da mesma forma como hoje poderíamos estar sujeitos a tal rejeição, indiferença e violência em nossas cidades. Podemos certamente esperar a mesma reação contra o evangelismo.
2). O que ocorreu em Mars Hill, ou no Areópago Ateniense relativamente ao evangelismo Paulino: (cf. Atos 17:16-32).
Vamos abrir aqui um parênteses para explicar o que significa Mars Hill. Mars Hill é o nome romano para uma colina em Atenas, Grécia, chamada de Colina de Ares do Areópago (cf. Atos 17:19,22). Ares era o deus grego da guerra e do trovão, e de acordo com a mitologia grega, esta colina era o lugar onde Ares mantinha ou realizava julgamentos defronte a outros deuses, pelo assassinato de Alirrotios, filho de Poseidon.   O equivalente de Ares em Roma chamava-se Mars, ou Marte, daí o nome Colina de Marte, ou Campo de Marte ou Mars Hill, em Ingles. ( Continua ). 

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