Saturday, October 24, 2020

Trecho de meu livro, 

A CIDADE DE CAIN E A APOTEOSE DE JAY

 Um inimigo mortal estava a exigir do coral de Miguel uma resposta imediata e uma postura bélica, uma atitude austera dos bravos e destemidos combatentes do céu, que não foram jamais criados para temer, posto que sua identidade não os teria feito para os queixumes dos covardes, mas para a coragem dos valentes, nem tampouco para questionar ordens. Sua disposição e obediência eram incondicionais, disse Agapé.  Porém, querubim Lúcifer teria sido o único dentre os seres criados tão próximos ao trono divino, com esta suposta habilidade para o questionamento eclético, que abrangesse todo o universo de indagações e questões inquisitoriais ao trono, com relevantes ambições e propostas pessoais altamente comprometedoras. Sua total liberdade de pensamento e ação o teriam posto à frente de sua própria demanda pessoal, como se exigisse da liberdade absoluta uma atitude mandatória, tal como e semelhantemente a uma inovativa atitude maquiavélica, que a exemplo de suas pretensas virtudes criminosas, usou dos meios de que dispunha para justificar os fins, onde sua liberdade absoluta justificavam seus propósitos finais mais insanos. Não via o trono de Jay como a uma utopia inconquistável, mas como o próprio objeto da conquista, reivindicando para si tomar posse dele e usufruir de toda as suas benesses, à medida que tomava posse de seu incontestável poder de conquistar e influenciar outros anjos e outros seres além de meros anjos, que admiravam sua sabedoria, sua óbvia ascendência divina, seu poder persuasivo e de coerção, e sua descomunal força metafísica. Livre como um pássaro, mas não como a um pássaro qualquer no mundo físico, mas como a própria Fênix renascida das cinzas incongruentes do finito, cuja envergadura das asas de ouro e prata afugentavam sua própria morte para depois dela forjar a vida e também aos mais afoitos, nos paramos celestes, ludibriando aos imprudentes e fazendo-os crer que após ao ser supremo e tendo o Filho deixado o trono de Jay ao lado de seu próprio Pai, como seu próprio e único suplente eterno.

De Jay? Indaguei indignado e incrédulo em meu coração. Ledo e incauto engano, imprudência dos menos perspicazes, cheguei à inquestionável conclusão por uma questão de mera impossibilidade na escala dos valores hierárquicos pertinentes ao trono. Por mais que se considere na Tríade Superior de anjos, no primeiro escalão do coral que caracteriza os servos de Jay, cuja proximidade ao trono divinal define a maior escala hierárquica, no grupo em torno ao qual circunvaga o coro central de pureza, ele era apenas uma criatura. Seria esta uma impossibilidade real: nem hoje, nem eternamente querubim Lucifer será rei 


A SER PUBLICADO EM FEVEREIRO DE 2021 NO BRASIL, pela editora 
Garcia Edições. 
55

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