Biblioteca Vida Nova - Critica de livros da BIBA. A CABANA Publicação da Editora Sextante Brasil - 2008. Rio de Janeiro RJ.
O livro de William
Paul Young (A
CABANA ou THE SHACK
em Ingles)pode ser visto como uma ficção interpretativa da Biblia, ás vezes com caracteristicas de
realismo fantástico, elevada aos limites da criação literária até mesmo
inimaginável, quando, a partir dos capitulos 6, 7 e 8, as tres pessoas da
Santissima Trindade adquirem personalidades distintas. Os personagens criados
pelo autor, todos eles, são fictícios ( criados pela imaginação do autor ) mas
nem por isso deixam de se espelhar em personagens reais. Papai, Jesus e Sarayu,
que representa o Espirito Santo, assim agem como se fossem, e interagem entre
si de modo tão completo e intimo, que são mostrados como a Trindade. O autor, Paul Young, é Teólogo formado em
Religião e seu livro a princípio fora escrito como se fosse uma estória contada
aos próprios filhos, mas que se deu bem, foi aceito e vendeu milhões de cópias.
No princípio o livro se identifica como um romance policial, cuja trama se
torna mais dramática ao envolver a filha de Mack, a pequena Missy, a criança
sequestrada, que dá ao livro caracter de tragédia dramática. O autor gosta de contar estórias
legendárias de índios e princesas corajosas que pulavam de penhascos para
salvar com seu sacrifício as vidas de toda uma tribo. E ele fala muito sobre a natureza, que
identifica como obra da criação divina. E no livro percebe-se que o tempo passa
rapidamente até que surge a Grande Tristeza no coração de Mack, quando descobre
o vestido de Missy ensanguentado dentro da cabana. Por causa do desaparecimento da filha, Mack
tem crises de fé, se entristesse muito e quase se desespera. Um bilhete deixado por Missy é encontrado e
nele, o misterio se desvenda ainda mais, porque tal bilhete estava assinado por
“Papai”. Por que? A partir de então a
trama se desenvolve abertamente, Mack
tem um sonho aparentemente real muito longo, narrado nos capitulos 6, 7 e 8, (que são a meu ver os mais
fascinantes no livro), em que ele mantem convivencia e diálogo com Papai, Jesus
e Sarayu. E nesta convivencia com a Trindade, muita coisa é revelada sobre a
vida de modo geral, a convivencia humana com Deus, as questóes mais relevantes
sobre natureza, a criação, o relacionamento com Jesus, e neste diálogo o autor
se mostra um liberal teologicamente inovador e biblicamente correto, inclusive ao mostrar
Deus como uma mulher. Algumas frases atribuidas a Deus, ou “Papai”, são as
seguintes: “ Não preciso castigar as pessoas pelos pecados. O pecado é o
próprio castigo”. Outra frase diz: “ Não existe conceito de autoridade superior
entre nós, mas apenas de unidade.” E nas
paginas seguintes ( 109 -112 ) a definição da idéia de hierarquia humana que
tudo destroi num relacionamento. O fato de acharmos erroneamente que Deus age
dentro de uma hierarquia de valores relacionais com Ele próprio, com a natureza
e com a humanidade, não nos permite admitir que dentro das Igrejas deva existir
uma ordem hierárquica que pune e discrimina os membros do mesmo corpo. Mas,
de modo geral o livro nos mostra um “Deus” um tanto quanto romantico, no mais
alto estilo americano (ou canadense), um “Deus” risonho, brincalhão, "um gente boa” que parece
fugir de emitir conceitos sérios e punitivos contras as atitudes erradas dos
humanos, ou um Deus mais pertinente á visão teologica Católico Romana da
Palavra de Deus. E isto fica claro á
página 134, onde os seres humanos parecem que “optaram” por trabalhar com as
mãos, ou se tornar independentes, sendo que na verdade sabemos que o mal não
existe apenas por questão de opção do livre arbitrio humano, mas existe como
consequencia da natureza pecaminosa que subsiste desde Adão e Eva. No Éden nós
não abandonamos o relacionamento com Deus, mas nos deixamos seduzir pelo Diabo,
não para afirmar a própria independencia, mas por nos submeter ao jugo do
diabo. Nós não nos tornamos independentes quando nos submetemos ás regras do
inimigo. Mas, o autor propõe aos leitores, através do personagem Jesus, que a
única alternativa é nos “VOLTARMOS PARA JESUS” o que é também teologica e
biblicamente correto. De modo geral A
CABANA é um bom livro, principalmente para aqueles que não tem muito
conhecimento biblico, devido ao fascínio que a estoria exerce sobre o leitor. E de acordo com as próprias palavras do autor, o
personagem MISSY, a filha de Mack supostamente sequestrada, representa a fase
existencial dos seres humanos em que se chega a perder alguma coisa, quando nos
afastamos de Deus, desaparecemos do entorno da Palavra e dos olhos afetivos de
Deus, quando de alguma forma perdemos nossa inocencia, ou a dimençao do
primeiro amor. E Mack representa a busca
por esta identidade cristã parcialmente perdida, através do questionamento após
a evasão que nos permite o afastamento de Deus. Mack representa também o
questionamento sincero, embora um tanto quanto cético, do que Deus, Jesus e o Espirito Santo nos mostram e significam
na Palavra. Esta crítica poderia ser mais extensiva e abranger todos os capitulos de A CABANA, mas já é suficiente ao apresentar informações e uma idéia geral sobre o livro e o autor. A tradução para o Portugues
é boa, e de um estilo de fácil assimilação e compreensão. A BIBA ( Biblioteca
Vida Nova ) tem apenas um unico volume de A CABANA.
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